Dona Inah é uma das melhores cantoras de samba de São Paulo. Depois de atuar por muitos anos (na década de 50) nas rádios paulistanas, ela ficou um bom tempo no ostracismo. Recentemente, gravou um CD. Agora, prepara o seu segundo.
Ela canta toda terça-feira no Ó do Borogodó. Toda vez que eu vou lá vê-la cantar, eu me sento um pouco em sua mesa para bater um papo com ela.
Entre os goles de cerveja (ela não bebe bebida forte, parou há 30 anos, depois de um porre homérico) ela vai falando de sua infância em Araras. Seus antepassados foram escravos e ela se emociona quando fala da antiga fazenda que ela viveu na infância. “Tinha uma olaria que foi construída onde era a senzala. E toda vez que construíam algo lá, na manhã seguinte acordava tudo quebrado, inexplicavelmente”.
O samba era diferente. “Não era esse samba carioca que tinha na fazenda, não. Era samba paulista, com zabumba e tambu mesmo”. O tambu é um instrumento de percussão feito a partir do tronco de uma árvore. Perguntei a ela se não interessa a ela gravar um CD de sambas rurais. “Pode ser...” respondeu ela, sem muita convicção.
Dona Inah é muito simpática e gosta de contar as suas histórias. Ela conheceu todos os grandes cartazes do rádio dos anos 50. Henricão, Blecaute, Adoniram Barbosa... “Esse aí gostava de tomar um “mé”. Ficava ali na rua Consolação, à tarde mesmo, tomando uma pinguinha. Esse gostava...” E o Henricão? “Esse era a bondade em pessoa. Uma pessoa com um grande coração”.
De uns anos pra cá, ela conseguiu o reconhecimento tardio. Gravou um CD, prepara o segundo e já excursionou no exterior. Foi para França, Espanha e Marrocos. Em todos os lugares, causou comoção. “É tão bom isso... Você se sente gente. Os estrangeiros valorizam muito nossa música. Você vê que eles estão emocionados e gostando mesmo da música. No Marrocos eu causei uma comoção: cantei na Praça do Palácio Real para 15 mil pessoas. Estas coisas eu nunca vou esquecer.” Ela vendeu todos os CDs que levou para o exterior.
Na preparação de seu segundo álbum, ela recebe muitas músicas inéditas para gravar. “Tenho inéditas do Wilson Moreira, do Candeia, do Eduardo Gudin, do Paulo César Pinheiro...” Que beleza hein, dona Inah? Só brasa.
Enquanto o choro rolava solto no Ó do Borogodó, Dona Inah, só esperava a hora de voltar para roda. Enquanto isso, falava pelos cotovelos. “Tem uma música do Candeia que chama Testamento de Partideiro. Você conhece uma outra que chama Testamento de Sambista? É assim...” E começou a cantarolar um belíssimo samba. Ao terminar de cantar, eu a interpelei. Disse que era um samba lindo e perguntei quem era o compositor. “Eu mesma”, respondeu ela. Que descoberta!!! Dona Inah, além de ser uma grande cantora, é também uma ótima compositora. Falei que ela deveria gravar um disco com suas composições. “Vou pensar a respeito...”
O bate-papo estava chegando ao fim. “Dona Inah, venha cantar mais alguns sambas aqui”, pediu Alexandre Penezzi, um dos violonistas da roda. E lá foi ela, fazer o que ela faz melhor na vida, cantar.
Ela canta toda terça-feira no Ó do Borogodó. Toda vez que eu vou lá vê-la cantar, eu me sento um pouco em sua mesa para bater um papo com ela.
Entre os goles de cerveja (ela não bebe bebida forte, parou há 30 anos, depois de um porre homérico) ela vai falando de sua infância em Araras. Seus antepassados foram escravos e ela se emociona quando fala da antiga fazenda que ela viveu na infância. “Tinha uma olaria que foi construída onde era a senzala. E toda vez que construíam algo lá, na manhã seguinte acordava tudo quebrado, inexplicavelmente”.
O samba era diferente. “Não era esse samba carioca que tinha na fazenda, não. Era samba paulista, com zabumba e tambu mesmo”. O tambu é um instrumento de percussão feito a partir do tronco de uma árvore. Perguntei a ela se não interessa a ela gravar um CD de sambas rurais. “Pode ser...” respondeu ela, sem muita convicção.
Dona Inah é muito simpática e gosta de contar as suas histórias. Ela conheceu todos os grandes cartazes do rádio dos anos 50. Henricão, Blecaute, Adoniram Barbosa... “Esse aí gostava de tomar um “mé”. Ficava ali na rua Consolação, à tarde mesmo, tomando uma pinguinha. Esse gostava...” E o Henricão? “Esse era a bondade em pessoa. Uma pessoa com um grande coração”.
De uns anos pra cá, ela conseguiu o reconhecimento tardio. Gravou um CD, prepara o segundo e já excursionou no exterior. Foi para França, Espanha e Marrocos. Em todos os lugares, causou comoção. “É tão bom isso... Você se sente gente. Os estrangeiros valorizam muito nossa música. Você vê que eles estão emocionados e gostando mesmo da música. No Marrocos eu causei uma comoção: cantei na Praça do Palácio Real para 15 mil pessoas. Estas coisas eu nunca vou esquecer.” Ela vendeu todos os CDs que levou para o exterior.
Na preparação de seu segundo álbum, ela recebe muitas músicas inéditas para gravar. “Tenho inéditas do Wilson Moreira, do Candeia, do Eduardo Gudin, do Paulo César Pinheiro...” Que beleza hein, dona Inah? Só brasa.
Enquanto o choro rolava solto no Ó do Borogodó, Dona Inah, só esperava a hora de voltar para roda. Enquanto isso, falava pelos cotovelos. “Tem uma música do Candeia que chama Testamento de Partideiro. Você conhece uma outra que chama Testamento de Sambista? É assim...” E começou a cantarolar um belíssimo samba. Ao terminar de cantar, eu a interpelei. Disse que era um samba lindo e perguntei quem era o compositor. “Eu mesma”, respondeu ela. Que descoberta!!! Dona Inah, além de ser uma grande cantora, é também uma ótima compositora. Falei que ela deveria gravar um disco com suas composições. “Vou pensar a respeito...”
O bate-papo estava chegando ao fim. “Dona Inah, venha cantar mais alguns sambas aqui”, pediu Alexandre Penezzi, um dos violonistas da roda. E lá foi ela, fazer o que ela faz melhor na vida, cantar.
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