27 de abril de 2007

Inimigos do Batente no Rio

Cariocas, domingo tem Maracanã e também tem samba de paulista na Cidade Maravilhosa....

Logo após o apito final do árbitro, o samba vai comer solto no Trapiche Gamboa. Os Inimigos do Batente, que todos os sábados tocam no Ó do Borogodó, no bairro paulistano de Pinheiros, vão fazer uma roda de samba mais do que especial, com as participações da cantora Dorina e do violonista Thiago Prata.

Há dois anos atrás eles estiveram lá e quem presenciou o samba sabe que eles são de alto gabarito no samba.

O Trapiche Gamboa fica na Rua Sacadura Cabral, 155 Gamboa e o telefone para contato é (21) 2516-0868. O couvert artístico é 16 reais

23 de abril de 2007

Chorinhos e Chorões - Antônio Carlos Fontoura


Sendo hoje aniversário de 110 anos de nascimento do Mestre Pixinguinha e, conseqüentemente, dia nacional do choro, nada mais apropriado do que assistir um documentário sobre o Choro e os seus Chorões.

Desfrutem:

Clique aqui para assistir

14 de abril de 2007

Sexta-feira 13 histórica

“Dia 13 de abril, o Ó do Borogodó terá a honra de receber o grande Roberto Silva...” Escutei isso semana passada e vibrei. Pensei comigo: “não posso perder”. Durante a semana, escutei o seu LP de 1958, Descendo o Morro. Ele tinha 38 anos na época. Está com 87 (!!!!) agora. Mais inteiro que muito jovem boêmio.

Finalmente chegou o dia. Cheguei cedo para conseguir entrar no local e me acomodei. Entre uns goles de cerveja e de cachaça, eis que surge a lenda. Roberto Silva, nome emblemático do samba cantou e arrebentou no Ó do Borogodó. O bar ficou pequeno... “Abram espaço para o grande sambista Roberto Silva!!!!” E lá vem ele, faceiro, sentando na roda. “Se acaso você chegasse, no meu chatô encontrasse...”.

O público delirou. Todos sabiam as músicas. O repertório eram aqueles clássicos dos anos 30, 40 e 50. Ele até se surpreendeu com a mocidade cantando com gosto aqueles clássicos de outrora. “Desde o dia em que eu te vi Juracy, nunca mais tive alegria...”

O que se passou na cabeça deste senhor de 87 anos? Ele tem idade para ser avô de quase todos ali presentes. Já passou por tantas rodas de samba em sua vida... E em pleno século XXI, lá está ele botando pra quebrar, com toda a jovialidade do mundo.

Enfeitiçada, a roda de samba prosseguia. O coro vinha do público: “Emília, Emília, Emíla, não posso mais...” Aplausos e mais aplausos. Êxtase geral. Depois de muitas brasas, ele sai de cena. Que presença!! Roberto Silva é o cara. Exemplo de vida para todos. Afinal, quem não quer chegar aos 87 vivendo no samba?

Mas o samba não parou, não. Os Inimigos do Batente, então, prosseguiram cantando os sambas da época. Haroldo Lobo, Wilson Batista, Geraldo Pereira, Assis Valente... A Railídia e o Fernando, cantores da roda, sabem muito bem cantar estes sambas da antiga.

Num dia tão especial, o que não faltou foram canjas de convidados especialíssimos. A primeira foi Dona Inah. Como sempre, ela “quebrou tudo”. Talentosíssima. Na seqüência veio o Borba cantando aquela brasa sua: “É axé com muito amor, é amor com muito axé...” Um clássico do samba paulista. Pra completar as canjas, uma das maiores revelações dos últimos tempos na Paulicéia, a jovem e talentosa cantora Paulinha Sanches. Mais um sucesso na inesquecível noitada que o Ó abrigou.

Findada a sensacional jornada, todos riam felizes. Que alegria!! Candeia foi extremamente feliz quando compôs: “Eu digo e até posso afirmar, vive melhor quem samba...” Realmente, é bem mais feliz quem samba.

Uma sexta-feira 13 historica, para se guardar para sempre na memória.

4 de abril de 2007

Arranjos de Samba - III

Como o assunto sobre os arranjos é muito complexo, vou me extender um pouco mais.

Como eu disse, os primeiros arranjos de samba ainda eram muito orquestrados, herança do samba amaxixado, feito para bailar. A partir do momento que o samba sincopado do Estácio de Sá começa a predominar, os instrumentos de percussão de escola de samba também entram nos arranjos.

Paralelamente a isso, desenvolveu-se os conjuntos regionais. Os conjuntos de choro, acrescentados de uma "cozinha", vários instrumentos de percussão, viraram os conjuntos regionais. O Regional do Benedito Lacerda foi um dos primeiros e gravou muito samba.

Vieram, na esteira, os regionais do Canhoto, do Evandro, além de vários outros. No regional do Canhoto é que Dino 7 Cordas desenvolveu a técnica das baixarias do violão de 7 cordas. Fez isso aproveitando o espaço que a ausência do saxofone de Pixinguinha deixava.

Até hoje, o arranjo mais tradicional de samba é esse que os regionias deixaram como herança: violão fazendo as baixarias, cavaco no centro, pandeiro, tamborins, surdo (ou outra marcação) e cozinha.

Nem todo mundo ficou preso a este formato. Já nos anos 60, os próprios sambistas se organizando em conjutos (Mensageiros do Samba, A voz do Morro, etc) dispensando os regionais, formados por "gente do choro".

No final dos anos 70, em Ramos, surgiu uma nova ritmica para o samba. Introduziram o repique de mão e o banjo e aceleraram o andamento. infelizmente, a industria fonográfica de massa se apropriou deste formato e transformou em um "produto enlatado".

Outros arranjadores fazem suas invenções. Cada um tem o resultado que deseja. Uns me agradam bastante, outros nem tanto.

Quando eu disse que o Cristovão Bastos fez um excelente e "civilizado" arranjo no disco "Parceria" do João Nogueira e Paulo César Pinheiro, não significa que eu arranjaria assim as músicas.

Eu gosto de samba de terreiro e gosto dos arranjos que o Candeia, a Cristina, o Cartola, o Wilson Moreira, o Carlos Cachaça usam em seus discos. Lembrei de um disco que é o arranjo perfeito para mim: "Mangueira Sambas de terreiro e outros sambas". Se eu fosse arranjador, seria neste estilo os meus arranjos.

Mas o samba é um universo gigante e existem várias possibilidades dentro dele. Os arranjos servem para isso. Se tudo fosse igual, na certa perderia a graça.

2 de abril de 2007

Arranjos de Samba - II

Falei um monte de coisa sobre os arranjos de samba e não falei o mais importante: o que faz o arranjo ser bom ou ser ruim não são os instrumentos, e sim o arranjador.

Disse que alguns álbuns do João Nogueira têm bateria e baixo e não ficaram bons. Fizeram arranjos ruins. Os discos do Paulinho também têm baixo e bateria, mas com arranjos bons.

O disco clássico de João Nogueira e Paulo César Pinheiro tem arranjos do maestro Cristóvão Bastos. Não é um arranjo de roda de samba, com batucada, é uma coisa mais "civilizada"... Mas como é belo. Um capricho.

Pixinguinha foi o maior arranjador da antiga e foi o primeiro a colocar instrumentos como cuíca e prato e faca nos arranjos de samba.

Outro arranjo espetacular é o que Dino 7 Cordas fez para os dois primeiros discos de Cartola. Quem escuta aquele violão predominando na harmonia sabe que Dino fez um ótimo trabalho.

Antes de ver que instrumentos usaram na gravação do seu disco de samba, verifique quem fez os arranjos. Se for um bom arranjador, pode ficar tranqüilo que será um bom disco de samba.
Creative Commons License
O Couro do Cabrito by André Carvalho is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas 3.0 Brasil License.
Permissions beyond the scope of this license may be available at www.creativecommons.org.br.