28 de março de 2008

Um certo dia para 21 (Paulinho da Viola)

GRANDES BRASAS DA HISTÓRIA

Este samba é a coisa mais linda do mundo. Conheci na versão do disco “Coro dos Compositores da Portela - Minha Portela Querida”, um disco de 1972 que era raro até começar a ser difundido na Internet. Na hora, fiquei impressionado com a beleza da melodia e com o belo coro de portelenses que amparavam o Paulinho.

Tempos depois, escutei a versão que fora gravada pelo próprio Paulinho um ano antes. Belíssima versão também. Porém, para mim, a versão de 72 é imbatível. Algo majestoso, sublime, inenarrável... Não dá pra explicar o que é o samba. Escutem.

Um certo dia para 21 (Paulinho da Viola)

Foram para mim, horas diferentes
Quando eu me senti em plena liberdade
Tudo que eu trazia no meu pensamento
Era ter você só por um momento
E muito mais você me deu
E me fez passar um tempo precioso esquecido
E eu só andava pelas noites mais escuras
Me escondendo do perigo

Só depois quando acordei
Aí que eu me lembrei que era o 21
E andava procurado, tinha meu nome marcado
Não era um homem comum
Mas ficou aquele dia que me deu tanta alegria
Me marcando muito mais que a ferro e fogo
Às vezes, meu amor, fico pensando
Se a vida não tivessse me dado esse jogo




Este samba é dedicado ao Martinho das Perdizes, o Menino de 87.

Samba bom no Bom Retiro hoje

Pra quem tiver na Paulicéia hoje e estiver a fim de ouvir um samba bom, a dica é a roda de samba com os Inimigos do Batente e Wilson Sucena no Projeto Anhanguera dá Samba.
Mais uma vez, a roda promete levantar poeira...
Segue informações sobre o evento:

Inimigos do Batente convidam Wilson Sucena

Local: Clube Anhangüera

Endereço: Rua dos Italianos nº1261 – Bom Retiro – São Paulo - SP

Data: 28/03

Horário: a partir de 22h

Ingressos: R$ 10,00 + um agasalho ou alimento não-perecível para doação a entidades assistenciais do bairro

Como chegar: Marginal Tietê (sentido Penha), passando a Ponte da Casa Verde, terceira rua à direita, primeira à esquerda e novamente primeira à esquerda.

21 de março de 2008

Imperatriz do Samba (Pindonga - Iracy Serra)

GRANDES BRASAS DA HISTÓRIA

Houve um tempo em que existiam três escolas de samba diferentes no Morro do Salgueiro: a Depois eu Digo, a Unidos do Salgueiro e a Azul e Branco. Nos anos 50 elas se fundiram e surgiu os Acadêmicos do Salgueiro, que logo mostrou força e começou a ganhar vários títulos.

Os sambistas Pindonga e Iracy Serra eram da Depois eu Digo e, em 1938, fizeram um samba em homenagem a Carmen Miranda para desfilar no Carnaval. Chama-se Imperatriz do Samba e fala sobre o sucesso da Pequena Notável nos EUA. Em 1938, ela ainda não tinha se firmado lá fora, mas já fazia suas turnês com o Bando da Lua.

Esta gravação foi feita pelo próprio Pindonga no disco do Salgueiro que a gravadora Marcus Pereira Discos lançou em 1974.

Imperatriz do samba (Pindonga - Iracy Serra)

Homenageamos a nossa imperatriz do samba
E rapaziada do Bando da Lua
Que fizeram aquela gente civilizada compreender
A nossa música sentimental
Samba é a glória de um carnaval

Abraçaram a nossa melodia
Com muita alegria
E com prazer vamos cantar
Devemos homenagear


Este samba é dedicado ao meu parceiro Bigode

6 de março de 2008

Martinho da Vila e seus convidados - Nem todo crioulo é doido (1978)

NA VITROLA
Existem dois tipos de sebos. Os sebos que cobram caro pelas jóias que possuem e os sebos que se desfazem de raridades por miséria, já que não noção do valor das bolachas que tem em mãos.

Nesse segundo tipo de sebo, já levei muita raridade pra casa a preço de banana. Recentemente, fuçando naquela seção “Sambistas” (que os caras colocam Art Popular, Fundo de Quintal e Aniceto do Império no mesmo balaio), achei um disco do Martinho que me chamou atenção.

O nome do álbum era “Martinho da Vila e convidados - Nem todo crioulo é doido” e eu nunca tinha ouvido falar dele. Comecei a ler a contra-capa e vi que os convidados eram todos feras: Zuzuca, Cabana, Darcy da Mangueira... Entre os compositores dos sambas, só bambas: Walter Rosa, Tolito, Aurinho da Ilha, Silas de Oliveira... Fiquei louco!

Perguntei o valor. “1 real”. Ri a toa. Levei a raridade pra casa. Quando a agulha tocou a cera, estupefação total: uma cuíca roncava lindamente na primeira faixa do lado A (a única composição do Martinho), “Pra que dinheiro”. Era uma versão totalmente diferente daquelas conhecidas. Uma maravilha.

Todos os sambas eram bons. Alguns, como “Só Deus”, de Walter Rosa e Jorginho, espetaculares. Fiquei pensando comigo: “Se o cara que me vendeu isso soubesse do valor deste álbum... ele me cobraria os olhos da cara!”.

Vou reproduzir aqui o texto da contra-capa, assinado pelo próprio Martinho (mantive os erros de grafia dele). Desfrutem do belo disco.


nem todo crioulo é doido

MARTINHO DA VILA

e seus convidados

Papo firme:

Com SAMBA DE CRIOULO o morro desce colorido todo ano e vai para a Cidade alegrar o povo. Digo alegrar o povo, porque o ritmo contagiante do samba toma o lugar das tristezas da população no período de momo, e, pro sambista verdadeiro, desfile oficial é compromisso sério. Êle desce o morro em fevereiro como se fôsse pruma guerra, só que a sua luta é de côres, de beleza, de arte, de cultura, pois - O sambista é um soldado/ Que defende as suas côres/ Com amor no coração/ Cada Ala é uma tropa/ Bateria é a banda/ e a Escola é um batalhão/ Sua farda é a fantasia/ A Avenida é o campo de batalha/ Seus tanques são as Alegorias/ E o samba é a sua metralha/ É uma guerra de beleza/ Da qual se participa com satisfação/ Quem perde fica com muita tristeza/ Mas quem ganha também chora de emoção.

Luto pelo samba desde menino. Vi nascer os Aprendizes da Bôca do Mato, que é a melhor Escola de Samba do mundo, apesar de atualmente estar desfilando na Praça Onze. Na Bôca eu fui Ritmista, Passista e Diretor de Harmonia; lá eu aprendi a ser partideiro e foi lá que eu fiz os meus melhores Sambas-de-Terreiro e quase montei uma História de Samba, particular, só na base do Samba-Enrêdo: “CARLOS GOMES - TAMANDARÉ - MACHADO DE ASSIS - RUI BARBOSA - VULTOS DA INDEPENDÊNCIA - FONTES DE RIQUEZA e CONSTRUTORES DO PROGRESSO”.

Vila Isabel, que agora é a minha Escola de coração, também desceu colorida com minha música nos dois últimos anos: “CARNAVAL DE ILUSÕES” (de parceria com o Gemeu) e “QUATRO SÉCULOS DE MODAS E COSTUMES”.

Ouvir o meu samba na avenida, no dominfo de carnaval, me dá uma emoção tão grande que eu fico “desligado”, “rindo à toa”, mas não dá pra ser chamado de “Crioulo Doido”, pois a higiene mental é feita nos terreiros de ensaios, onde se ouve samba puro, independente dos esquemas dos enrêdos, como os incluídos neste LP que só tem SAMBA DE CRIOULO, gravado na base da viola (Darcy da Mangueira), cavaquinho (J. Araújo) e ritmo (Conjunto Brasil Ritmo 67, com Beterlau no agogô, Neném na cuíca, Pelado no pandeiro, Orvalho no tamborim, Baldo no surdo e Arthur na tambora), além do meu amigo José Garcia que deu uma fôrça no tamborim e no pandeiro.

A minha Mana está sendo lançada aqui com a sua voz diferente (ainda vai ser a maior cantora do Brasil) e o côro foi improvisado pelos próprios compositores, reforçado pelas vozes das minhas meninas (Nélia e Erenice).

O único defeito dêste disco é só ter 12 faixas, pois, por falta de espaço, grandes cobras do sambão ficaram de fora: Mano Décio, Anescarzinho, Bidi, João Laurindo, Pelado, Osório, Leléo, Paulo Brazão e muitos outros.

É um disco feito pra sambista, pra quem freqüenta os terreiros das Escolas e pra quem gosta de SAMBA DE CRIOULO.

LADO 1

1) PRA QUE DINHEIRO. (Martinho da Vila)
MARTINHO DA VILA

2) DEIXA SERENAR. (Sidney da Conceição/ Castelo)
MARTINHO DA VILA

3) SE EU ERREI. (Tolito)
MARTINHO DA VILA

4) QUERER É PODER. (Picolino/ Colombo/ Noca)
MARTINHO DA VILA

5) DE FEVEREIRO A FEVEREIRO. (M. Pereira/ J. Galvão)
MARIO

6) SÓ DEUS. (Walter Rosa/ Jorginho)
ANÁLIA

LADO 2

1) TRISTEZA DE MALANDRO. (Zuzuca/ Bala)
ZUZUCA

2) NEM TODO CRIOULO É DOIDO. (Cabana)
CABANA

3) SOU DE OPINIÃO. (Darcy da Mangueira)
DARCY DA MANGUEIRA

4) QUEM LHE DISSE. (Antonio Grande)
ANTONIO GRANDE

5) SINFONIA DO MOSQUITO. (Aurinho da Ilha)
ANTONIO

6) BERÇO DO SAMBA. (Silas de Oliveira/ Edgard Cardoso)
ANÁLIA

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Baixe o disco aqui

3 de março de 2008

Heitor dos Prazeres - Antonio Carlos da Fontoura


Heitor dos Prazeres honrou o nome. Como sambista, deixou seu nome na história. Como pintor, foi um dos maiores expoentes da arte naïf (arte primitiva).

Neste documentário de 1965, essas duas facetas desse artista popular foram brilhantemente registradas (e eternizadas) pelas câmeras do diretor Antonio Carlos da Fontoura. Um belo documentário.

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