26 de fevereiro de 2008

Baluarte da Mangueira se apresenta no Clube Anhanguera


Tantinho da Mangueira é um dos grandes baluartes vivos das nossas escolas de samba. Memória da Estação Primeira, ele tem verdadeira dedicação em resgatar os belos sambas da Verde e Rosa. No disco "Mangueira - Sambas de Terreiro e outros sambas", ainda não lançado comercialmente, ele canta belíssimos sambas que já iam caindo no esquecimento se não fosse sua privelegiada memória que o coloca num importante papel de "historiador-sambista" (que também caracteriza nomes como Monarco e Cristina Buarque).

Em 2006, ele lançou o excelente disco "Memória em Verde e Rosa (que você pode comprar aqui e baixar aqui) com sambas de diversos bambas da Estação Primeira. Agora, se prepara para lançar um dedicado inteiramente ao Padeirinho, mestre dos samba de gírias.

Tantinho, além de possuir uma bela voz, também é mestre no partido alto (no classico curta-metragem Partido Alto ele se faz presente) e para versar com ele na roda de samba tem que ter muita garrafa vazia pra vencer. Na próxima sexta-feira (29), os paulistanos poderão comprovar tudo isso na oitava edição do projeto "Anhanguera dá samba", no Clube Anhanguera, Bom Retiro.

Segue informações sobre o evento:

Inimigos do Batente convidam Tantinho da Mangueira

Local: Clube Anhangüera

Endereço: Rua dos Italianos nº1261 – Bom Retiro – São Paulo - SP

Data: 29/02

Horário: a partir de 22h

Ingressos: R$ 10,00 + um agasalho ou alimento não-perecível para doação a entidades assistenciais do bairro

Como chegar: Marginal Tietê (sentido Penha), passando a Ponte da Casa Verde, terceira rua à direita, primeira à esquerda e novamente primeira à esquerda.

22 de fevereiro de 2008

Portela na Avenida (Mauro Duarte - Paulo César Pinheiro)

GRANDES BRASAS DA HISTÓRIA

Sempre gostei do samba “Portela na Avenida”, de Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro. Mesmo antes de escutar a maravilhosa gravação da Clara Nunes, já conhecia a música das rodas de samba. É um samba forte, carregado de emoção, contagiante.

Recentemente, lendo a biografia da Clara Nunes (muito bem escrita por Vagner Fernandes), travei conhecimento de como se deu a composição da obra-prima. Para quem não sabe, Paulo César Pinheiro, o maior letrista da história da MPB, era casado com a Clara.

Segue o depoimento do PC Pinheiro para o biógrafo a respeito do samba:

“Em 1970 estourou um samba do Paulinho da Viola, o ‘Foi um rio que passou em minha vida’. Depois disso, ninguém fez samba falando da Portela. E ela era doida pra gravar um que falasse. Aí ela me pediu:

— Não dava pra você fazer um samba falando da Portela?

— Mas eu não sou Portela, eu sou Mangueira.

— Mas você sabe fazer. E depois que o Paulinho fez aquele samba, ninguém faz mais. Eu já pedi a outros compositores da Portela e ninguém fez. Não dá pra você fazer pra mim?

— Posso tentar. Não te prometo, mas posso tentar.

Aí falei com o Mauro Duarte, que era portelense:

— Mauro, a Clara pediu um samba pra Portela. Então, você que é portelense e meu parceiro me ajuda nessa. Mas eu não tenho idéia não. Até porque o samba do Paulinho é definitivo. É difícil fazer um samba para a escola depois desse.

Dias depois, o Mauro veio com uma idéia musical, um pedacinho:

— Isso aqui é algo que pode ser o tal samba

— Canta aí

Eu gravei e fiquei pensando naquilo. Um dia, andando na sala, me deparei com a imagem do Espírito Santo, acima do altar. A Clara gostava muito de coisas antigas. Por onde passava comprava algo antigo. Em uma dessas, trouxe um nicho de 200 anos, uma espécie de oratório. Dentro dele, você abria a porta e tinha Nossa Senhora Aparecida, com um monte de orixás misturados. Eu ficava andando e pensando como fazer o samba. E na hora em que bati o olho na Nossa Senhora, linda, eu vi o manto azul e branco, que são as cores da Portela. Quando veio isso na minha cabeça, resolvi misturar o religioso com o profano, que era o estilo dela. A pomba do Espírito Santo virou a águia da Portela, o manto de Nossa Senhora virou bandeira, e por aí eu fui. O samba virou sucesso da noite pro dia. Mas quando o compus quis mostrar, na verdade, o que era a Clara. Uma cantora que estava na rua, em um bloco, na igreja, no terreiro, no kardecismo (...)”

Pois bem, esta semana, fuçando nos meus discos, encontrei a versão de “Portela na Avenida” gravada no disco “Cristina Buarque e Mauro Duarte”. Fiquei arrepiado com a cadência, com o lindo coro desta gravação. Eu sei que o samba consagrado foi feito pra Clara cantar e sei que a versão original é a mais clássica, mas vou colocar aqui a versão posterior, porque acho mais bela.

Portela na Avenida (Mauro Duarte - Paulo César Pinheiro)


Portela
Eu nunca vi coisa mais bela
Quando ela pisa a passarela
E vai entrando na avenida
Parece
A maravilha de aquarela que surgiu
O manto azul da padroeira do Brasil
Nossa Senhora Aparecida
Que vai se arrastando
E o povo na rua cantando
É feito uma reza, um ritual
É a procissão do samba abençoando
A festa do divino carnaval

Portela
É a Deusa do samba, o passado revela
E tem a velha guarda como sentinela
E é por isso que eu ouço essa voz que me chama
Portela
Sobre a tua bandeira, esse divino manto
Tua águia altaneira é o Espírito Santo
No templo do samba

As pastoras e os pastores
Vêm chegando da cidade, da favela
Para defender as tuas cores
Como fiéis na santa missa da capela

Salve o samba, salve a santa, salve ela
Salve o manto azul e branco da Portela
Desfilando triunfal sobre o altar do carnaval

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15 de fevereiro de 2008

Fiz por você o que pude (Cartola)

GRANDES BRASAS DA HISTÓRIA

Vira e mexe, a crítica especializada em música faz suas listas de melhores discos, melhores músicas, melhores cantores... É aquela eterna disputa pra ver quem é melhor. Como no samba não existe melhor, e apenas diferente, vou inaugurar aqui uma série denominada Grandes Brasas da História.

Pra começar, um samba do grande Mestre Cartola chamado Fiz por você o que pude, de sua autoria. Cartola o gravou no disco História das Escolas de Samba - Mangueira, de 1974 e posteriormente Elton Medeiros, Nelson Sargento e o conjunto Galo Preto o regravaram no disco ao vivo lançado por eles em 2000.

A versão aqui postada é a original.

Fiz por você o que pude (Cartola)

Todo tempo que eu viver, só me fascina você, Mangueira
Guerreei na juventude, fiz por você o que pude, Mangueira
Continuam nossas lutas, podam-se os galhos
Colhem-se as frutas e outra vez se semeia
E no fim desse labor, surge outro compositor,
Com o mesmo sangue nas veias

Sonhava desde menino, tinha um desejo felino
De contar toda tua história
Este sonho realizei, um dia a lira empunhei
Perdoa-me a comparação, mas fiz uma transfusão
Eis que Jesus me premeia
Surge outro compositor, jovem de grande valor
Com mo mesmo sangue nas veias

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13 de fevereiro de 2008

Leão Caolho homenageia Cartola

O Bloco Carnavalesco Leão Caolho, que desfila pela primeira vez, fará uma homenagem ao mestre Cartola no próximo sábado (16). O trovador do samba completaria 100 anos em outubro de 2008 e, já que a Verde Rosa não fez um enredo para ele, o Azul e Amarelo das Perdizes fez.

A concentração será as 14 horas no Bar Geribá, esquina da Rua João Ramalho com a Avenida Sumaré. Salve o Mestre Cartola e vida longa ao Leão Caolho!!

2 de fevereiro de 2008

Gravação rara de samba do Candeia

Está circulando na Internet (eu achei num blog sobre o Candeia), uma gravação caseira de Vem pra Portela, do Candeia. O lindo samba foi gravado pela Cristina no disco Candeia, Eterna Chama, mas infelizmente aquele álbum-tributo foi muito mal feito e seus arranjos são muito ruins. Esta versão caseira é, com toda certeza, o melhor registro da bela composição.

Curiosamente, a Chefia também esta presente nesta rara gravação. Segue a pérola:

Vem pra Portela (Candeia/ Coringa)

(Ó vem então)
De madrugada vem surgindo
E o samba se despedindo
Até pro ano que vem, Carnaval
Vou sambar na Portela em plena avenida (ôoôo)
Libertar a alegria oprimida da vida
Pois o samba reflete a paz e a existência
Enaltece a nobreza do mundo, é ciência
Agradeço a Deus, pois antes de morrer (ôoôo)
Vi no globo terrestre a Portela vencer (Obrigado, senhor)
Agradeço a Deus, pois antes de morrer (ôoôo)
Vi no globo terrestre a Portela vencer

Portela é perfume da flor, é aroma no ar
Para sentir, só basta saber respirar
Seu azul é além do céu
Seu branco é amor e paz
Divino é seu pavilhão
Vem pra Portela, Iaiá
Vem pra Portela. Ioô
Terás no céu, amor e paz no coração (ó vem, Iaiá)
Vem pra Portela, Iaiá
Vem pra Portela. Ioô
Terás no céu, amor e paz no coração (ó vem, então)


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O Couro do Cabrito by André Carvalho is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas 3.0 Brasil License.
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