29 de junho de 2007

Novas caras do samba paulistano - Paula Sanches

Vou falar agora das novas caras que despontam no cenário sambístico de São Paulo. Pra começar, Paula Sanches, gogó de ouro.

Paulinha Sanches

Estou para ver alguém que cante como canta a Paula. Quando os amigos enchem a bola dela, ela dá de ombros e diz “esses meus amigos vivem me paparicando...”. Mas todas as vezes que levei alguém para vê-la cantar, este alguém ficou impressionado, embasbacado, deslumbrado com o talento que tem essa menina.

Paulinha é jovem, tem apenas 26 anos, e começou a carreira cantando rock. É até engraçado ouvir ela cantando Raul Seixas... Quando ela travou conhecimento da obra de grandes cantoras do passado como (principalmente) Isaurinha Garcia, Aracy de Almeida, Linda Batista, entre outras, sua vida mudou. Passou ela, então, a cantar samba e a fazer aulas com Fabiana Cozza, cantora paulistana que atualmente grava seu segundo álbum.

Paulinha começou a cantar melhor. Aos poucos foi aumentando seu repertório. E aos poucos foi se firmando na cena de samba que floresce em São Paulo. Atualmente ela se dedica a cantar sambas sincopados, no melhor estilo Geraldo Pereira. E faz isso muito bem.


Paulinha Sanches já cantou em diversas rodas de samba. Atualmente canta às quintas, de 15 em 15 dias, no bar da Meirinha, na Vila Madalena. É uma cantora e tanto. Vejam vocês mesmos neste vídeo que ela canta duas músicas de Jorge Costa.


26 de junho de 2007

Inimigos do Batente recebem Germano Mathias

Quem não foi na primeira edição do Projeto Anhangüera dá Samba, cujo convidado foi o Mestre Wilson Alicate, perdeu. Agora, na segunda edição, teremos a presença do espetacular sambista paulista Germano Mathias, o catedrático do samba.

Os Inimigos do Batente já acompanharam diversos bambas nos últimos anos. Germano Mathias mesmo já cantou com eles no Ó do Borogodó, bar de samba de São Paulo. Na época, existia um projeto chamado “Amigos dos Inimigos”. Toda última sexta-feira do mês, os Inimigos recebiam algum sambista da pesada.

Agora, com o “Anhangüera dá samba”, novamente os Inimigos do Batente terão o privilégio de receber as lendas vivas do samba para um samba autêntico. Nada de palco, no Clube Anhangüera a coisa funciona na base da roda de samba mesmo. E que roda!! Quem freqüenta o Ó aos sábado a tarde sabe do que se trata.

Germano Mathias cantou muito à vontade quando esteve acompanhado pelos Inimigos. Não é fácil o acompanhar, já que o sambista paulistano usa muito da síncope e dos breques. Mas os Inimigos do Batente dão conta do recado. Sexta-feira promete roda de samba histórica

Inimigos do Batente convidam Germano Mathias

Local: Clube Anhangüera
Endereço: Rua dos Italianos nº1261 – Bom Retiro – São Paulo - SP

Data: 29/06
Horário: a partir de 22h

Ingressos: R$ 10,00 + um agasalho ou alimento não-perecível para doação a entidades assistenciais do bairro

Como chegar: Marginal Tietê (sentido Penha), passando a Ponte da Casa Verde, terceira rua à direita, primeira à esquerda e novamente primeira à esquerda.

12 de junho de 2007

Paulinho Acústico

O Acústico MTV é um programa feito para popularizar uma banda, ou um artista em questão. Os Titãs, banda de rock surgida nos anos 80, viraram uma banda pop após gravarem um disco com o formato desplugado. A impressionante vendagem que o disco teve fez com que a MTV repetisse o formato (já consagrado nos EUA), com sucesso, muitas vezes.

Recentemente, Zeca Pagodinho se tornou o primeiro artista de samba a gravar um disco Acústico. O sucesso estrondoso possibilitou um repeteco: Acústico Gafieira. Mas Zeca Pagodinho nem precisaria do Acústico para se tornar um artista pop. Suas vendas são compatíveis com as de um artista de pop rock. Ele destoa da pindaíba que os sambistas são condicionados a viver.

Já Paulinho da Viola, próximo artista a ser contemplado com o formato Acústico, tem uma história totalmente diferente do Zeca Pagodinho. Apesar de ser um artista amplamente reconhecido (e até idolatrado) no meio sambístico, ele ainda não conseguiu colocar seu nome no panteão dos grandes da MPB.

Mesmo sendo um exímio compositor, além de grande instrumentista e intérprete, Paulinho da Viola sempre foi associado apenas ao samba e não à MPB. Seu nome nunca esteve ao lado de Chico, Caetano, Gil, Jobim e Vinícius no altar da música brasileira. Uma injustiça!!!

Paulinho, como eu disse, nunca precisou da mídia para fazer seu nome. Claro que convém lembrar que, nos anos 70, quando o samba era só samba, ele, juntamente com Martinho da Vila, era o responsável pelas maiores vendagens de álbuns de samba. Mas este número era irrisório se comparado com os números de álbuns vendidos dos artistas da Tropicália, por exemplo.

Mas quem disse que ele se importa com este descaso? Ser querido na Portela, por exemplo, é muito mais importante, para ele, do que ter sua obra tocada exaustivamente nas rádios (que só tocam lixo). Ser bem-recebido num pagode no Buraco Quente da Mangueira é mais importante do que tocar no Credicard Hall por 150 reais (alô Chico!!)...

Ele nunca procurou o sucesso. Seu nome se fez pelo samba, e somente pelo samba. E como o samba deixou de ter espaço na mídia há muito tempo (preferem o formato comercial do “pagode”), ele nunca teve o espaço e o reconhecimento de gênio que é. Porém (ai, porém...), quem entende das coisas sabe que ele é o cara. Cartola o idolatrava e o pessoal da Portela já o apontava como o sucessor de Paulo da Portela:

De Paulo a Paulinho (Chico Santana – Monarco)

Antigamente era Paulo da Portela
Agora é Paulinho da Viola
Paulo da Portela, nosso professor
Paulinho da Viola, o seu sucessor
Vejam que coisa mais bela
O passado e o presente
Da nossa querida Portela

Paulo, com sua voz comovente
Cantava ensinando a gente
Com pureza e prazer
O seu sucessor na mesma trilha
É razão que hoje brilha
Vaidade nele não se vê
Ó Deus, conservai esse menino
Que a Portela do seu Natalino
Saúda com amor e paz
Quem manda um abraço é Rufino
Pois Candeia e Picolino lhe desejam muito mais

Agora a obra de Paulinho vai atingir os ouvidos mais incautos. O Acústico MTV que tanto popularizou os artistas medianos, agora vai divulgar a obra de um gênio. Finalmente a MTV presta um serviço a Música Popular Brasileira.

3 de junho de 2007

E o Anhangüera deu samba com o mestre Alicate


Assistir ao mestre tocando seus sambas como se tivesse no terreiro da Portela... Como se ele estivesse no quintal da casa do Manacéa, dançando o miudinho e tocando um ganzá... Assistir ao mestre Wilson Moreira cantar e emocionar... São momentos únicos em nossas vidas.

Na primeira edição do projeto “Anhangüera dá Samba”, o convidado foi ninguém mais, ninguém menos do que Wilson Moreira, um dos maiores sambistas de todos os tempos. Se, em outros tempos, existia a “Noitada do Samba”, onde nomes como Cartola, Ismael Silva, Zé Kéti e outras feras se apresentavam no Teatro Opinião, hoje temos o privilégio de ver nascer o projeto “Anhangüera dá Samba”.

Na noite histórica do dia 18 de maio, Wilson Alicate, como é conhecido nos pagodes, cantou e irradiou emoção como se tivesse em casa. Chegou e já quis cantar logo de cara, estava vibrante, muito feliz. Depois contou histórias... Ele estava mesmo em casa. A juventude que cantava, de boca cheia, todos os sambas estava emocionada e também emocionava o mestre, feliz em saber que sua obra ultrapassa a fronteira do tempo mesmo sem nunca ter destaque algum na mídia.

Um sambista do quilate de Wilson Moreira deve ser exaltado e valorizado. Ninguém conhece seu nome fora do meio do samba e isso é uma tremenda injustiça. Trata-se de um gênio, com composições encantadoras. Cabe ao povo do samba, então, elevá-lo ao patamar que ele merece. E nesse “podium” de sambistas ele está muito bem acompanhado ao lado de Cartola, Candeia, Ismael Silva, Noel Rosa, Bidê, Marçal, Paulinho da Viola e outros bambas.

A seguir, alguns vídeos da histórica roda de samba com os Inimigos do Batente e o Mestre Wilson Moreira.



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