31 de março de 2010

Um outro blog de samba

Há outros bons blogs de samba por aí. Um dos meus favoritos é o Vermute com Amendoim, do meu amigo Murilo Mendes e seu irmão Felipe. Vale a pena conferir.

30 de março de 2010

Samba inédito de Babaú da Mangueira

Quem me passou esta raridade foi o Fernando Paiva, sambista de Uberlândia, grande figura.

Quando Nelson Sargento foi se apresentar em Uberlândia, os sambistas de lá o levaram para a casa de um deles para conversarem e cantarem sambas antigos e inéditos. Nelson, então, cantou e contou a história deste samba: Babaú, grande bamba da Mangueira, tinha a promessa de Aracy de Almeida de que ela gravaria três sambas seus. No entanto, ela gravou apenas dois (Eu dei e Tenha pena de mim) e se recusou a gravar o terceiro. Babaú então compôs esse samba, obviamente inédito.

O interessante é notar a referência, na última linha do samba, ao absolutamente clássico Tenha pena de mim, que deu grande cartaz à cantora.

Desprezaste um lindo samba (Babaú)

Desprezaste um lindo samba que eu te dei para gravar
Esqueceste o compromisso, preferiste me enganar
A verdade é jóia rara, no museu, uma saudade
A mentira é um micróbio que progride na maldade

Agradeças ao meu samba o teu luxo e muito mais
Que nos rádios e cassinos sempre foi o teu cartaz
Já perdeste a consciência, desprezando os versos meus
Daquele grande sucesso do meu samba "ai ai meu Deus..."

29 de março de 2010

Ri melhor quem ri no fim (José Ernesto Aguiar - Noel Rosa de Oliveira - Raimundo Ferreira Lima)

GRANDES BRASAS DA HISTÓRIA

Samba gravado por Albertinho Fortuna, Trio Madrigal e Trio Melodia no ano de 1951.

Ri melhor quem ri no fim (José Ernesto Aguiar - Noel Rosa de Oliveira - Raimundo Ferreira Lima)

Lá lá lá
Não posso perdoar um pobre coração
Que não me soube amar

Depois de três meses de ausência
Volta a implorar clemência
Você esqueceu que me fez penar
E o nosso amor morreu
Quem não lhe quer sou eu
Por favor me deixe em paz
No meu lar você não volta mais

Foi você que me abandonou
Por isso meu perdão eu não lhe dou
Este mundo é mesmo assim
Ri melhor é quem ri no fim

28 de março de 2010

Samba de Terreiro de Mauá em homenagem às mulheres

Logo mais tem o excelente samba dos meus amigos de Mauá. Estarei lá.

Samba de Terreiro de Mauá / Homenagem às mulheres

Local: Bar do Buiú
Endereço: Rua San Juan, 121 - Parque das Américas - Mauá/SP
Data: 28 de março (domingo)
Horário: a partir das 15h
Valor: Grátis

26 de março de 2010

Ao povo em forma de arte (Quilombo 1978)

OS MAIORES SAMBAS ENREDOS DE TODOS OS TEMPOS

O Grêmio Recreativo de Arte Negra Escola de Samba Quilombo não desfilava no desfile oficial do Rio de Janeiro. Surgiu para fazer um contraponto à crescente descaracterização das Escolas de Samba e para valorizar a Arte Negra. Seu idealizador foi Candeia e muitos bambas como Nei Lopes e Wilson Moreira participaram da fundação. Esta dupla compôs o samba-enredo de 1978, que não concorreu no desfile oficial.

Ao povo em forma de arte (Wilson Moreira - Nei Lopes) - Quilombo 1978

Quilombo, pesquisou duas raizes
Nos momentos mais felizes
De uma raça singular, e veio
Pra mostrar esta pesquisa
Na ocasião precisa
Em forma de arte popular
A mais, a mais de quarenta mil anos atrás
A arte negra já resplandecia
Mas tarde a Etiópia milenar
Sua cultura até o Egito estendia
Daí o legendário mundo grego
A todo negro de etíope chamou
Depois vieram reinos suntuosos
De nível cultural superior
Que hoje são lembranças de um passado
Que a força da ambição exterminou
Que hoje são lembranças de um passado
Que a força da ambição exterminou

Em toda cultura nacional
Na arte, até mesmo na ciência
O modo africano de viver
Exerceu grande influência
O negro brasileiro
Apesar de tempos infelizes
Lutou, viveu, morreu e se integrou
Sem abandonar suas raízes
Por isso o Quilombo desfila
Devolvendo em seu estandarde
A histórias de suas origens
Ao povo em forma de arte



25 de março de 2010

Agenda Cultural - De 25 a 31 de março

Show Moacyr Luz e Wilson das Neves
Local: SESC Pompéia
Endereço: Rua Clélia, 93 - Pompéia - São Paulo/SP
Data: 26 de março (sexta)
Horário: 21h
Valor: de R$ 4,00 a R$ 16,00

Projeto Anhangüera dá Samba/ Inimigos do Batente convidam Bira da Vila
Local: Clube Anhangüera
Endereço: Rua dos Italianos nº1261 – Bom Retiro – São Paulo/SP
Data: 26 de março (sexta)
Horário: 22h
Valor: R$ 10,00

Terra Brasileira
Local: Escola Nova Cultura
Endereço: Rua Valdemar Dória, 163 - Belenzinho - São Paulo/SP
Data: 27 de março (sábado)
Valor: Grátis

Ilcéi Mirian canta Clara Nunes
Local: Sesc Ipiranga
Endereço: Rua Bom Pastor, 822 - Ipiranga - São Paulo/SP
Data: 27 de março (sábado)
Valor: Grátis

Samba de Terreiro de Mauá / Homenagem às mulheres
Local: Bar do Buiú
Endereço: Rua San Juan, 121 - Parque das Américas - Mauá/SP
Data: 28 de março (domingo)
Valor: Grátis

Movimento Cultural Projeto Nosso Samba
Local: Casa de Cultura Afro-Brasileira - Casa de Angola
Endereço: Av. Visconde de Nova Granada, 513 – Km 18 - Osasco/SP
Data: 28 de março (domingo)
Valor: Grátis

Roda de samba com Adriana Moreira e Verônica Ferriani
Local: Galeria Olido
Endereço: Av. São João, 473 - Centro - São Paulo/SP
Data: 30 de março (terça)
Horário: 19h
Valor: Grátis

24 de março de 2010

Nomes de Favela (Paulo César Pinheiro)

GRANDES BRASAS DA HISTÓRIA

Este samba de Paulo César Pinheiro mostra que ele não é apenas um bom letrista e sim um ótimo compositor. A gravação é de 2004, do disco Lamento do Samba.

Nomes de Favela (Paulo César Pinheiro)

O galo já não canta mais no Cantagalo
A água já não corre mais na Cachoeirinha
Menino não pega mais manga na Mangueira
E agora que cidade grande é a Rocinha

Ninguém faz mais jura de amor no Juramento
Ninguém vai-se embora do Morro do Adeus
Prazer se acabou lá no Morro dos Prazeres
E a vida é um inferno na Cidade de Deus

Não sou do tempo das armas
Por isso ainda prefiro
Ouvir um verso de samba
Do que escutar som de tiro

Pela poesia dos nomes de favela
A vida por lá já foi mais bela
Já foi bem melhor de se morar
Mas hoje essa mesma poesia pede ajuda
Ou lá na favela a vida muda
Ou todos os nomes vão mudar

23 de março de 2010

Domingo tem samba em Mauá

Ataulfo Alves em 78 rpm (Odeon - 12.106-a - 1942)

78 rpm

Na biografia de Ataulfo Alves, Sérgio Cabral conta que quando o clássico samba “Ai que saudade de Amélia” - parceria com Mario Lago - nasceu, pouca gente gostou e quase ninguém queria gravar. Ele resolveu, então, gravar seu samba e saiu à cata de alguns instrumentistas na rua da gravadora para fazer o registro. Encontrou Jacob do Bandolim, que pegou um cavaquinho emprestado e foi gravar. O resultado foi que “Ai que saudade de Amélia” se transformou num grande clássico da música popular brasilieira.

O que poucos sabem, no entanto, é que o lado B do disco de 78 rpm continha uma parceria Cartola/Bide que seria regravada pelo Divino décadas mais tarde. Trata-se de “Não posso viver sem ela”, cuja primeira parte, de Cartola, fora cantada pela Mangueira em um carnaval nos anos 30.

Segue, então, o áudio destes dois bons sambas, com o ótimo cavaquinho de Jacob do Bandolim.

Odeon - 12.106-a (1942)

Lado A - Ai que saudades de Amélia (Ataulfo Alves - Mario Lago) - Samba
Lado B -
Não posso viver sem ela (Cartola - Bide) - Samba

22 de março de 2010

Barrado

Já há algum tempo, tenho dedicado algum espaço aqui no Couro do Cabrito para cobrir shows e outros eventos relacionados a samba. Com o passar do tempo, adquiri um ótimo relacionamento com assessorias de imprensa e produtoras que promovem estes espetáculos. Como foi de ciência de muitos de vocês, neste último sábado ocorreu o show do Paulinho da Viola (Acústico) no Credicard Hall, e eu me pautei para cobrir este evento, certamente de grande interesse do meu público.

Infelizmente, fui sumariamente desprezado pela assessoria do estabelecimento e lamentavelmente tive que deixar meus leitores na mão. No entanto, vou expor nestas linhas a falta de consideração e total desdém ao qual o Couro do Cabrito, veículo de resistência da cultura popular - que não compactua com tradicionais coberturas à base de jabá e troca de favores - foi submetido.

O Credicard Hall, ao contrário de ótimos teatros e estabelecimentos culturais onde se realizam shows, é um lugar “para ver e ser visto”. Um lugar onde, à preços exorbitantes, você pode ficar papeando à vontade, tomando sua dose de whisky escocês, sem dar atenção e respeito ao artista. Não é um local onde o sambista poderá se apresentar ao seu público. Tanto é que este veículo especializado em samba não pôde entrar no estabelecimento.

Ao tentar efetuar o credenciamento para a cobertura do show não esperava ser vítima de preconceito. Preconceito pelo fato deste veículo ser um blog, preconceito pelo fato de não ser um repórter da grande mídia e preconceito - talvez - pelo fato de ser um jornalista de samba e não um repórter de colunas sociais, muito mais bem ambientados num local onde reina a “pagação”. O assessor de imprensa sequer analisou o conteúdo do blog e sequer teve a preocupação de me retornar, avisando que eu estava fora da festa.

Espero que da próxima vez haja bom senso e a produção de lendários e divinais sambistas como Mestre Paulinho não repitam o erro de se apresentar em locais onde os sambistas tenham de ficar de fora, com isso privando seus leitores de uma resenha crítica do evento.

18 de março de 2010

Agenda Cultural - De 18 a 24 de março

Show Moacyr Luz
Local: SESC Ipiranga
Endereço: Rua Bom Pastor, 822 - Ipiranga - São Paulo/SP
Data: 18 de março (quinta)
Horário: 21h
Valor: de R$ 4,00 a R$ 16,00

Show Anabela / Cidade das Noites
Local: SESC Santana
Endereço: Avenida Luiz Dumont Villares, 579 - Santana - São Paulo/SP
Data: 18 de março (quinta)
Horário: 21h
Valor: de R$ 2,00 a R$ 8,00

Show Monarco
Local: Auditório do BNDES
Endereço: Av. Chile, 100 - Centro- Rio de Janeiro/RJ
Data: 18 de março (quinta)
Horário: 19h
Valor: Grátis

Pensamentos Contados com Nelson Sargento e Agenor de Oliveira
Local: SESC São Gonçalo
Endereço: Av. Pres. Kennedy, 755 - São Gonçalo/RJ
Data: 19 de março (sexta)
Horário: 20h
Valor: de R$3,00 a R$12,00

Pensamentos Contados com Nelson Sargento e Agenor de Oliveira
Local: SESC Engenho de Dentro
Endereço: Avenida Amaro Cavalcanti, 1661 - Engenho de Dentro - Rio de Janeiro/RJ
Data: 20 de março (sábado)
Horário: 19h
Valor: de R$3,00 a R$12,00
Contato: (21) 3822-4830/3822-4842

Show Paulinho da Viola
Local: Credicard Hall
Endereço: Av. das Nações Unidas, 17955 - Santo Amaro - São Paulo/SP
Data: 20 de março (sábado)
Horário: 22h
Valor: de R$60,00 a R$140,00

Show Tuco & Batalhão de Sambistas
Local: Praça da República, s/n - Jaú/SP
Data: 20 de março (sábado)
Horário: 12h
Valor: Grátis

Show Tuco & Batalhão de Sambistas
Local: Praça da Matriz, s/n - Bauru/SP
Data: 20 de março (sábado)
Horário: 20h
Valor: Grátis

Roda de samba com Adriana Moreira e Larissa Smid
Local: Galeria Olido
Endereço: Av. São João, 473 - Centro - São Paulo/SP
Data: 23 de março (terça)
Horário: 19h
Valor: Grátis

17 de março de 2010

Samba de Enredo - História e Arte (Luiz Antônio Simas e Alberto Mussa)

“Longe da pretensão de construir verdades definitivas e afirmá-las em documentos oficiais, formular um conhecimento provisório sobre o samba de enredo é menos a vontade de produzir um relato verdadeiro da história (de antemão impossível) que uma forma de render tributo aos nossos heróis- os compositores do samba”.

Estas linhas sintetizam tudo o que representa para Luiz Antonio Simas e Alberto Mussa o livro “Samba de enredo - História e Arte”. Escrito a quatro mãos pelos sambistas - o primeiro também historiador e o segundo, escritor e tradutor - a obra traz uma análise sobre a história do samba de enredo, com suas evoluções melódicas, rítmicas e sociais, além de trazer uma excelente e absolutamente oportuna contextualização histórica das Escolas de Samba, dos bairros onde estas agremiações surgiram e dos principais compositores deste estilo tão peculiar de samba.

É sensível que, quando lemos algo sobre samba escrito por quem é do metiê, o texto vem muito mais redondo, com os parênteses bem situados e uma estrutura literária que nos remete aos pagodes e, neste caso, aos desfiles carnavalescos das nossas Escolas de Samba do Rio de Janeiro, símbolos maiores do Reinado Momesco. Sendo assim, os autores, sambistas pela própria natureza que Deus lhes deu e amantes deste gênero tão intrigante que é o samba de enredo pelos desígnios da vida, são mais do que gabaritados para escrever este livro.

Lendo a obra, passeamos pela história do Carnaval carioca, aprendemos um pouco da evolução do formato do samba de enredo, relembramos e somos apresentados a grandes nomes do samba, assim como a diversas agremiações não tão populares. É interessante notar, por exemplo, que os autores consideram “Seca do Nordeste”, composto pelos desconhecidos Gilberto de Andrade e Valdir de Oliveira e levado à avenida pela também modesta Tupi de Brás de Pina no ano de 1961, como o maior samba de enredo de todos os tempos. Como também é interessante notar que a Portela, apesar de ser provavelmente o maior celeiro de bambas do Rio, fica aquém de suas maiores rivais quando o assunto é número de clássicos do samba de enredo.

Para um amante do samba, um sambista, ler sobre a história de nossas tão estimadas Escolas de Samba é uma atividade que faz com que trabalhemos muito o saudosismo e a esperança. Saudosismo de um tempo em que muitos não vivemos, mas sabemos como era: um tempo onde o Carnaval era fantasia, e o sambista podia colocar toda a sua poesia em enredos sempre muito originais. E a esperança... Ah, a esperança é que um dia possamos novamente desfilar em uma avenida onde o samba não tenha a cadência de 150 batidas por minuto e as celebridades não ocupem o espaço dos verdadeiros sambistas.

Para isso, precisamos conhecer a história. E o excelente livro em questão vem justamente para preencher esta lacuna.

Avaliação: **** (ótimo)

Samba de Enredo - História e Arte
Autores: Luiz Antônio Simas e Alberto Mussa
Ano: 2010
Preço sugerido: R$ 34,90

16 de março de 2010

Madrugada (Zé Keti)

GRANDES BRASAS DA HISTÓRIA

Esse samba é dedicado àqueles que tanto padecem com a incompreensão das mulheres.

Madrugada (Zé Keti)

A mulher só vive a reclamar
Que eu não tenho hora pra chegar
Sou boêmio, tenho que beber
Nunca estou em casa pra jantar
Ela diz que qualquer dia vou morrer
Sou da noite, a noite é toda minha
Tenho um compromisso com a lua
Minha vida é andar na rua
A cantar para os amigos meus
Na esquina ou no butequim
Até Deus Nosso Senhor lembrar de mim

Madrugada é a minha companheira
Amanhece eu estou na brincadeira
Vou pra casa, vou dormir, vou descansar
A noite chega, me pede pra voltar




Obs: A primeira versão, interpretada pelo autor, foi gravada em 1973. A segunda, 23 anos depois por Zeca Pagodinho.

15 de março de 2010

Grêmio Recreativo Escola de Samba da Portela (1972)

NA VITROLA
A Portela é um celeiro de heróis. Maravilhosa, engalanada pela própria natureza.

É talvez, a agremiação com maior de quantidade de monstros sagrados do samba. Mas se eu for falar da Portela, hoje não vou terminar. Então vamos ouvir as melodias divinais deste álbum de 1972. Destaque para A noite vem vestida de azul, Minha ambição, Só lágrimas e Segundo rio que passou. Abaixo, as informações e o áudio dos sambas.

Grêmio Recreativo Escola de Samba da Portela
(1972) Continental SLP 10.061

1 - Ylu Ayê (Terra da Vida) (Cabana - Norival Reis) canta: Silvinho do Pandeiro
2 - O mais belo requinte (Wilson Moreira) canta: Avelino
3 - Manchete (David Correia) canta: Tacira da Portela
4 - A Noite vestia azul (Catoni - Jabolô - Waltenir) canta: Catoni
5 - Saudade (Ventura) canta: Tacira da Portela
6 - Andorinha tonta (Norival Reis - Jorge Duarte) canta: Avelino
7 - Decepção (Ari do Cavaco) canta: Tacira da Portela
8 - Minha ambição (Cabana) canta: Cabana
9 - Nova forma de amar (Joel Menezes) canta: Silvinho do Pandeiro
10 - Choro (Waldir 59 - Chico Macambira) canta: Adilson
11 - Segundo rio que passou (Walter Rosa) canta: Avelino
12 - Só lágrimas (Silvinho do Pandeiro - Almir de Oliveira) canta: Silvinho do Pandeiro



Você pode baixar este disco no
Prato e Faca.

11 de março de 2010

Agenda Cultural - De 11 a 17 de março

Às quintas-feiras irei publicar aqui uma agenda cultural semanal. Sem muitas delongas, vamos para o que interessa!

Serviço:

Dona Inah celebra Ataulfo Alves
Local: Casa de Francisca
Endereço: Rua José Maria Lisboa 190 - Jardim Paulista - São Paulo/SP
Data: 11 de março (quinta)
Horário: 21h30
Valor: R$ 19,00
Contatos: (11) 3052 0547

Samba na Serralheria
Local: Serralheria
Endereço: Rua Guaicurus, 857 - Lapa - São Paulo/SP
Data: 12 de março (sexta)
Horário: 21h
Valor: R$ 10,00

Tempos Idos – Uma História do Samba / Show com Fabiana Cozza e Monarco
Local: SESC Pinheiros - Teatro Paulo Autran
Endereço: Rua Paes Leme, 195 - Pinheiros - São Paulo/SP
Datas: 13 e 14 de março (sábado e domingo)
Horários: 21h e 18h
Valor: de R$ 10,00 a R$ 20,00
Contato: (11) 3095-9400

Show Pedro Miranda /Lançamento do CD Pimenteira
Local: Teatro FECAP
Endereço: Av. Liberdade, nº 532 - Liberdade - São Paulo/SP
Datas: 13 e 14 de março (sábado e domingo)
Horários: 21h e 19h
Valor: de R$10,00 a R$ 20,00
Contato: (11) 3188 4149

Especial Mulher: 100 Anos de Ataulfo Alves/ Show com Milena, Anelis Assumpção, Maria Alcina e Zezé Motta
Local: SESC Sorocaba
Endereço: Av. Washington Luiz, 446 - Jardim Emília - Sorocaba/SP
Data: 13 de março (sábado)
Horário: 20h
Valor: Grátis
Contato: (15) 3332-9933

Pensamentos Contados com Nelson Sargento e Agenor de Oliveira
Local: SESC Nova Iguaçu
Endereço: Rua Dom Adriano Hipólito, 10 - Moquetá - Nova Iguaçu/RJ
Data: 12 de março (sexta)
Horário: 20h
Valor: de R$3,00 a R$12,00
Contato: (21) 2797-3001

Pensamentos Contados com Nelson Sargento e Agenor de Oliveira
Local: SESC Niterói
Endereço: Rua Padre Anchieta, 56 - Centro - Niterói/RJ
Data: 13 de março (sábado)
Horário: 19h
Valor: de R$3,00 a R$12,00
Contato: (21) 2719 9119 - ramal 231

9 de março de 2010

Samba na Serralheira ou Nossas meninas estão de volta

A primeira roda de samba de samba da vida, a gente nunca esquece. Aquele ambiente informal, regado a muita cajibrina e deliciosos quitutes com bons sambistas castigando o couro... Quem não se lembra da primeira vez? E o que dizer quando estes bons amigos, aqueles mesmos que um dia te mostraram todo o encanto e a magia do samba, se organizam novamente para armar a remandiola? Pois é com esta imensa alegria, carregada de boas lembranças, que escrevo estas linhas para divulgar o renascimento de uma das melhores rodas de samba da Paulicéia.

Aprendi muito samba vendo estas meninas cantando: Paulinha Sanches, Mariana Furquim e Flora Poppovic, três cantoras de diferentes timbres e influências, devidamente entrosadas pela escola “roda de samba”. E também aprendi muito de batucada vendo Paulinho Timor, André Barba, Cacá Sorriso e Luana Ozzeti “Barba", craques de primeira ordem. Novamente este time estará junto, envolto pela harmonia de Luis “To Be” e Hélio Guadalupe.

Ao longo destes últimos anos, tive o prazer de participar de inúmeras rodas de samba com estas figuras citadas acima. Mas há tempos eles não se reuniam para se apresentar ao público. Nesta próxima sexta-feira, dia 12, esta injustiça histórica será corrigida e esta digníssima roda de samba se apresentará na Serralheira, na Lapa paulistana (quem disse que na nossa Lapa não tem samba?). Convido a todos vocês que já conhecem estas personalidades a comparecerem. E aqueles que ainda não conhecem, taí uma oportunidade de ouro! Seguem algumas informações importantes:

Samba na Serralheria
Onde? Rua Guaicurus, 857 - Lapa - São Paulo - SP
Quando? Sexta-feira, dia 12 de março, às 21 horas
Quanto? 10 contos pra entrar (o estabelecimento só aceita dinheiro vivo)

8 de março de 2010

A mulher no samba

Hoje é o dia da mulher. Em todo o mundo, é hora de render homenagens a elas. É hora de relembrar grandes mulheres que tiveram importantes atuações na história. E quando falamos de samba, necessariamente temos de exaltar grandes personalidades do sexo feminino que ajudaram a fazer do samba, o maior e mais representativo ritmo popular de nossa pátria.

Nos idos de 1920, quando o samba ainda não possuía o formato que hoje conhecemos, algumas mulheres migrantes da Bahia, as chamadas Tias Baianas, promoviam em suas casas reuniões regadas a muita música, bebida e comida. A mais famosa delas chamava-se Tia Ciata, e foi em sua casa que o samba "Pelo Telefone" foi composto. Era lá, também, que se reunia a primeira geração do samba: Pixinguinha, Donga, China, Heitor dos Prazeres e outros cobras batiam ponto por lá. Foram nesses quintais que floresceu o maxixe a batucada, que mais tarde se fundiriam e ganhariam uma nova estrutura musical pelos sambistas do bairro do Estácio de Sá.

No desenvolvimento dos primeiros blocos carnavalescos, novamente a mulher teve uma importância tremenda, já que praticamente todas as agremiações tinham em seus quadros mães-de-santo que eram quem de fato mandavam na bagunça. Tia Fé, Dona Esther, Madalena Xangô de Ouro eram algumas dessas figuras tão importantes para as comunidades locais.

Com as Escolas de Samba já estruturadas, as mulheres ganharam uma importante função: eram elas, as "pastoras", quem cantavam os sambas de terreiro repetidamente até que a música caísse na boca do povo. Se elas não gostassem, estava morto o samba: ninguém aprenderia e logo cairia no esquecimento.

Ao mesmo tempo, valorosas intérpretes colocaram seus nomes na história do samba. E foi Carmen Miranda a mulher que pela primeira vez desbancou um homem (Francisco Alves) na parada de sucessos. Muitos outros nomes de cantoras de samba surgiram ao longo do tempo. E algumas poucas compositoras também. Dona Ivone Lara, a pioneira, foi aquela que quebrou o tabu e emplacou um samba (Os cinco bailes na história do Rio) na Avenida, no ano de 1965.

Podemos perceber, então, a estrondosa e fundamental participação da mulher na gênese e consolidação do samba. E se não bastasse isso, eram elas - e até hoje são elas - a fonte maior de inspiração para o sambista compor suas melodias e versos. Ou seja, sem mulher não há samba.

6 de março de 2010

Projeto Sambando Por Aí

Hoje, a cidade de Bebedouro receberá o Tuco com seu Batalhão de Sambista. Após fazerem história com as duas apresentações em São Paulo que darão origem ao disco Peso é Peso, os sambistas vão agora percorrer o interior paulista apresentando sambas inéditos e pouco conhecidos de grandes sambistas do passado. No domingo, eles estarão na vizinha Pirangi, que na ocasião celebrará seu aniversário. Os dois shows fazem parte do Projeto Sambando Por Aí Afora, promovido pela Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo.

A apresentação de sábado se dará na Estação Cultura (Av. Antunes, s/n, Centro de Bebedouro), às 21 horas, ao passo que no domingo o samba acontecerá um pouco mais cedo, às 17h, na Casa da Cultura (Av. 7 de Setembro, 447 - Centro de Pirangi). Os ingressos são gratuitos.

2 de março de 2010

Biografia de Adoniran revisada e ampliada

Será lançada hoje, às 19h30, na Livraria Saraiva do Shopping Paulista, a edição revisada e ampliada do livro Adoniran, uma biografia, de Celso de Campos Jr. Na ocasião, o grupo Samba sem Vintém interpretará obras do biografado, que completaria 100 anos neste 2010.

O Shopping Paulista fica na Rua Treze de Maio, 1.947, no bairro Paraíso, São Paulo.

ENSAIO - Walter Alfaiate

A TV Cultura exibe amanhã o ENSAIO com Walter Alfaiate. O programa foi gravado em 1999 e será veiculado às 23 horas. Será uma homenagem ao grande sambista, falecido no último sábado.

1 de março de 2010

Tuco e Batalhão de Sambistas em um final de semana histórico

Era grande a expectativa que cercava as duas apresentações de Tuco e seu Batalhão de Sambistas no Centro Cultural São Paulo, neste último fim de semana. Primeiro porque se tratava de uma reunião de ótimos e jovens sambistas com alguns nomes que fizeram e ainda fazem a história do samba: os convidados Nelson Sargento e Monarco, além das ilustríssimas presenças de Cristina Buarque e Francinete, que integraram o coro feminino. Segundo porque seria gravado, nestes dois dias de samba, o cd Peso é Peso. E toda esta expectativa - justificadamente alta, graças à alta qualidade musical do Tuco (que a cada dia canta melhor) e de seus acompanhantes - foi devidamente correspondida. Duas apresentações históricas, registradas para um posterior e também histórico álbum.

No sábado, dia de estréia, me acomodei na primeira fila da aconchegante Sala Adoniran Barbosa, e fiquei aguardando o início, pensando: “Qual será o repertório? Com certeza serei surpreendido com inéditas e raras...”. Sob aplausos, logo foram todos entrando no palco. Tuco à frente, puxando seu batalhão. Jorge Garcia e Alfredo Castro (grandes amigos!), ambos também integrantes do Terreiro Grande, comandaram a cozinha com uma dupla de tamborins que há muito não se via. Como há muito não se via também uma dupla de pandeiros como a de Rafael Toledo e Beto Amaral, este último integrante do Cupinzeiro. Na marcação do surdo, que é o coração de uma roda de samba, Donga, antigo companheiro de Tuco do Morro das Pedras, mostrou-se impecável. Os “arames”, a harmonia, que deu toda a sustentação melódica para esta batucada pesada, foi magistralmente composta por Lucas Arantes (cavaco), Junior Pita (violão) e João Camareiro (violão de 7). Os três demonstraram um entrosamento digno dos grandes regionais do passado. E ainda havia espaço pra mais gente: Loré, Fernando Paiva e Janderson formaram o coro masculino, enquanto as já citadas Francinete e Cristina Buarque integravam a “pastoragem”, ao lado de Keila Santos.

Foi com este escrete que Tuco cantou um samba (inédito) de Paulo da Portela, composto em 1937, após ter sido eleito Cidadão Samba. Na sequência, brasa em cima brasa. Em meio a muitos inéditos (a maioria) alguns sambas já gravados, mas pouco conhecidos: Na floresta (Cartola e Silvio Caldas), Ri por último quem ri melhor (Noel Rosa de Oliveira), Ironia (Ismael Silva - Nilton Bastos- Francisco Alves) entre outras. Destaque para a interpretação deste samba-choro de Ismael em que os músicos repetiram o arranjo original. Espetacular. (Confira a versão original destes três sambas abaixo, interpretados por Silvio Caldas, Albertinho Fortuna e Francisco Alves, respectivamente).



Para esta primeira apresentação, Nelson Sargento foi o convidado especial. Entre alguns sambas mais conhecidos de sua obra, como
Falso amor sincero e Homenagem ao Mestre Cartola, e outros nem tanto (como a parceria com Marreta, Quando Xangô pegar o apito), o legendário sambista de Mangueira cantou um inédito samba-resposta ao clássico Fiz por você o que pude, de Cartola. Nelson Sargento assim falou sobre o samba: “Quando Cartola fez o samba Fiz por você o que pude, ele disse: ‘e no fim deste labor, surge outro compositor, com o mesmo sangue nas veias’. Eu e o meu parceiro Marreta resolvemos fazer uma resposta. E no samba falamos: ‘Talvez eu seja o valor que o amigo citou com o mesmo sangue nas veias’.” De fato, neste samba os dois compositores da Mangueira mostraram que eram aptos a seguir os passos do mestre. Hoje, o meste é Nelson Sargento e Tuco é o “jovem valor, com o mesmo sangue nas veias”. Mais alguns sambas foram apresentados e encerrou-se a primeira apresentação.

Após aquele tradicional momento de cumprimentos e felicitações aos músicos, encontrei com a Cristina Buarque, que falou sobre o Tuco, o resgate de sambas antigos e a nova geração de sambistas. “Tuco é um grande talento que resolveu seguir a carreira e eu torço muito por ele”, disse, enquanto terminava de fumar um cigarro no camarim. Chefia, como é carinhosamente chamada por seus amigos de Terreiro Grande, avalia como muito importante o trabalho de resgate de sambas de terreiro da antiga. “Tem um monte de samba que só o Monarco conhecia e que hoje foi cantado aqui, será registrado e muitos poderão conhecer. O Tuco gosta dessas velharias, né?”. Por fim, ela se mostrou muito satisfeita com a nova geração. “Hoje sou eu quem aprende muito com eles, também”, disparou.

No dia seguinte, retornei para acompanhar o desempenho do grande mestre Monarco. Ele que, num bate-papo informal que tivemos ano passado disse: “Tem um rapaz de São Paulo, o Tuco, que é muito bom...” Mestre e discípulo dividiriam o mesmo palco. E naquele final de tarde de domingo, todos os sambistas estavam mais à vontade, sem a natural pressão de uma estréia. O repertório foi quase o mesmo do dia anterior: muitos sambas em meio a um maxixe do Mano Edgar, do Estácio de Sá e uma inusitada uma marcha-rancho de Paulo da Portela.

Pouco antes de Monarco entrar em cena, Tuco disse, emocionado, que há catorze anos atrás assistira pela primeira vez uma apresentação do sambista da Portela e que estava tendo a honra de, naquele momento, dividir a cena com ele. Monarco, não deixou por menos e após duas cantar duas músicas afirmou, feliz, sentindo que estava diante de um ótimo cantor: “Esse menino tem futuro!”.

Quando os dois decidiram cantar Secretário da Escola, parceria do convidado da noite com Picolino, Monarco revelou: “Este samba tem uma história engraçada. Eu compus há muitos anos com o Picolino, mas foi o Tuco quem me ensinou”. Notava-se aí o grande empenho de Tuco para resgatar e “pescar”, como ele próprio definiu, os bons sambas do passado.

A apresentação caminhava para o fim. Mas havia tempo para algumas surpresas. Primeiro foi Cristina, que a pedido de Monarco, cantou Quantas Lágrimas, de Manacéa, seu maior sucesso. Depois foi a vez de Francinete, ex-integrante do conjunto As Gatas, cantar Tal dia é o batizado de Cabana, samba gravado por ela própria no disco Viva o samba, de 1967 e muito cantado nas rodas de samba da Paulicéia. (confira a gravação abaixo, com acompanhamento da Portela).


E quando findou o samba, foi hora de comemorar. Então foram todos para o bar da frente. Eu, o pessoal do Samba de Mauá, da Vila Prudente, os Amigos do Samba, Alfredão, Tuco, Junior Pita, que com seu violão tocou alguns sambas para as (ótimas) Adriana Moreira e Ilessi cantarem, Lucas Arantes, Donga, Loré, Barão do Pandeiro (com sua indefectível gravata borboleta) e muito mais gente que estava ali, na Sala Adoniran Barbosa, presenciando um momento histórico, e depois foi molhar as palavras no primeiro boteco.

A lembrança do grande espetáculo que se passou ainda está fresca na memória. Mas logo teremos o disco e daí então teremos a certeza de que o samba viveu, neste final de fevereiro de 2010, um grande momento. Tratado com respeito e louvor, como foi ensinado pelos mestres.

Avaliação: ***** (espetacular)

Fotos: Marcelo Martins
Confira o Myspace do Tuco & Batalhão de Sambistas

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