8 de março de 2010

A mulher no samba

Hoje é o dia da mulher. Em todo o mundo, é hora de render homenagens a elas. É hora de relembrar grandes mulheres que tiveram importantes atuações na história. E quando falamos de samba, necessariamente temos de exaltar grandes personalidades do sexo feminino que ajudaram a fazer do samba, o maior e mais representativo ritmo popular de nossa pátria.

Nos idos de 1920, quando o samba ainda não possuía o formato que hoje conhecemos, algumas mulheres migrantes da Bahia, as chamadas Tias Baianas, promoviam em suas casas reuniões regadas a muita música, bebida e comida. A mais famosa delas chamava-se Tia Ciata, e foi em sua casa que o samba "Pelo Telefone" foi composto. Era lá, também, que se reunia a primeira geração do samba: Pixinguinha, Donga, China, Heitor dos Prazeres e outros cobras batiam ponto por lá. Foram nesses quintais que floresceu o maxixe a batucada, que mais tarde se fundiriam e ganhariam uma nova estrutura musical pelos sambistas do bairro do Estácio de Sá.

No desenvolvimento dos primeiros blocos carnavalescos, novamente a mulher teve uma importância tremenda, já que praticamente todas as agremiações tinham em seus quadros mães-de-santo que eram quem de fato mandavam na bagunça. Tia Fé, Dona Esther, Madalena Xangô de Ouro eram algumas dessas figuras tão importantes para as comunidades locais.

Com as Escolas de Samba já estruturadas, as mulheres ganharam uma importante função: eram elas, as "pastoras", quem cantavam os sambas de terreiro repetidamente até que a música caísse na boca do povo. Se elas não gostassem, estava morto o samba: ninguém aprenderia e logo cairia no esquecimento.

Ao mesmo tempo, valorosas intérpretes colocaram seus nomes na história do samba. E foi Carmen Miranda a mulher que pela primeira vez desbancou um homem (Francisco Alves) na parada de sucessos. Muitos outros nomes de cantoras de samba surgiram ao longo do tempo. E algumas poucas compositoras também. Dona Ivone Lara, a pioneira, foi aquela que quebrou o tabu e emplacou um samba (Os cinco bailes na história do Rio) na Avenida, no ano de 1965.

Podemos perceber, então, a estrondosa e fundamental participação da mulher na gênese e consolidação do samba. E se não bastasse isso, eram elas - e até hoje são elas - a fonte maior de inspiração para o sambista compor suas melodias e versos. Ou seja, sem mulher não há samba.
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O Couro do Cabrito by André Carvalho is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas 3.0 Brasil License.
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