22 de maio de 2009

A tal casinha lá da Marambaia

Antigamente fazia-se muito sucesso as duplas de cantores, homem e mulher, que dividiam os microfones nas rádios e nas gravações de discos de samba. Uma boa dupla do passado era aquela formada por Henricão e Carmen Costa. Ora gravando composições do próprio Henricão, ora gravando composições de outros cartazes da época, esse par da pesada era muito solicitado dentro do casting das gravadoras.

Quando Carmen Costa gravou o grande clássico “Está chegando a hora”, adaptação de Henricão e seu parceiro Rubens Campos para a musica do mexicano Fernandez, o sucesso foi estrondoso e a dupla se desfez (posteriormente, no LP “Recomeço”, lançado em 1980, Henricão reeditou a dupla com Carmen Costa). Ela, entretanto, continuou a gravar outros sambas do compositor paulista.

“Só vendo que beleza”, uma das primeiras composições de Henricão foi gravado por Carmen Costa em 1942 e teve grande aceitação popular. O que poucos sabem é que o sambista compôs uma resposta para este samba: “Casinha da Marambaia”. Novamente, foi Carmen Costa quem gravou (1944). Se no primeiro ele exaltava toda a beleza de sua casa, tão aconchegante e cheio de amor, na resposta ele põe tudo por água abaixo.

Eis os sambas:

Só vendo que beleza (Henricão - Rubens Campos)

Eu tenho uma casinha lá na Marambaia
Fica na beira da praia, só vendo que beleza
Tem uma trepadeira que na primavera
Fica toda florescida de brinco de princesa
Quando chega o verão eu sento na varanda
Pego o violão e começo a tocar
O meu moreno que está sempre bem disposto
Senta-se ao meu lado também a cantar

Quando chega a tarde um bando de andorinhas
Passa em revoada fazendo verão
E lá na mata um sabiá gorjeia
Uma linda melodia pra alegrar meu coração
Às seis horas da tarde o sino da capela
Bate as badaladas da Ave Maria
E a lua nasce por de trás da serra
Anunciando que acabou o dia

Casinha da Marambaia (Henricão - Rubens Campos)

Nossa casinha lá da Marambaia
A mais bonita da praia se desmoronou
A trepadeira brinco-de-princesa
Ficou triste, amarela e depois secou
Minha varanda vive no abandono
É um destroço sem dono
Numa solidão
Até você que parecia ser sincero
Sem motivo abandonou meu coração

O sabiá também mudou seu ninho
Eu já não ouço a sua canção
As andorinhas foram em revoada
Quebraram-se as cordas do meu violão
E há quem diga que isso é desumano
E eu não mereço tanta ingratidão
Quero que volte como antigamente
Para dar sossego ao meu coração


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O Couro do Cabrito by André Carvalho is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas 3.0 Brasil License.
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