9 de fevereiro de 2009

Centenário de Carmen Miranda


Carmen Miranda nasceu em Portugal, morreu nos Estados Unidos e foi a maior cantora brasileira de todos os tempos. Mais que isso, foi uma das maiores artistas que o mundo já conheceu e obteve êxito em todas as etapas de sua carreira. No rádio, no teatro ou no cinema. No Brasil ou nos Estados Unidos, Carmen Miranda era sinônimo de sucesso. Estrondoso sucesso.

Nascida há exatos cem anos, Carmen Miranda começou a carreira musical de forma bombástica. A marcha "Taí", de Joubert de Carvalho, marcou o carnaval de 1930 e fez dela uma cantora de sucesso do dia para a noite. Era a única mulher capaz de rivalizar com cartazes da época como Francisco Alves e Mario Reis, que logo ficaram para trás nos números de vendagem de disco e na preferência dos brasileiros.

Entre 1929 e 1940, a "Pequena Notável", gravou 281 músicas no Brasil, a grande maioria sambas e marchas. Compositores como Ary Barroso, Dorival Caymmi, André Filho, Synval Silva, Lamartine Babo, Assis Valente, entre tantos outros, ganharam voz (e que voz!) com ela. Não havia um Carnaval que não houvesse uma música interpretada por Carmen nas paradas.

Deslumbrada com o sucesso, nossa maior cantora da época se mandou para os EUA, onde ganhou fama fazendo papéis de mulher latina, cantando e balançando as mãos com um turbante tropical na cabeça. Melhor para o cinema yankee, pior para a música popular brasileira.

Ingênua, foi explorada por um empresário canastrão e depois por um marido ardiloso. Ambos estadunidenses, que odiavam os encontros diários de brasileiros na casa de Carmen, conisderada uma "embaixada do samba" em plena Califórnia.

Logo ela se viu escravizada pelo sucesso e passou a depender cada vez mais de estimulantes e calmantes. A agenda era lotada e o ritmo de apresentações, frenético. Seu coração, que despejou tanta emoção nos microfones nos bons tempos do Rio, hipnotizando milhares de brasileiros, agora estava cansado, doente.

No dia dia 5 de agosto de 1955, Carmen morreu, causando comoção no país em que ela não nasceu e nem morreu, mas que era sua pátria. Era brasileira, carioca e sambista.

Seu nome é de extrema importância na história da música popular brasiliera e do samba. Afinal, ela iniciu sua carreira quando o samba ainda era um ritmo pouco gravado e com poucos anos de vida (o samba do Estácio de Sá, que iria moldar o samba que conhecemos hoje se estabelecera poucos anos antes, no final da década de 20) e acabou por gravar 118 sambas (fora as músicas denominadas batuque, samba romantico, samba choro, samba tipico baiano, samba revista, samba carioca, partido alto, etc) nas gravadoras Brumswick, na Victor e na Odeon. Uma pioneira.

Nos anos que esteve atuando no Brasil, reinou. Ao deixar o país, abriu espaço para outras grandes cantoras como Aracy de Almeida, Linda Batista e Emilinha Borba. Apesar de terem marcado época, nenhuma delas causou o furor que Carmen causava.

É por sua encantadora voz, suas magistrais interpretações, que devemos nos lembrar dela para sempre.

Em homenagem ao seu centenário, deixo aqui um samba Wilson Batista e Geraldo Augusto e outro de Cartola e Noel Rosa, compositores pouco gravados por ela: "Não durmo em paz", de 1936 (Odeon) e "Tenho um novo amor", registrado quatro anos antes, na Victor.

Um comentário:

Arthur Tirone disse...

Esse é meu camarada Piruca! Grande blog o Couro!

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