Tantinho da Mangueira, memória viva da Mangueira, é daqueles sambistas cuja importância vai muito além de melodias, síncopes e harmonias. Extremo conhecedor dos sambas e das histórias da Verde e Rosa, canta com elegância e com um timbre que segue afinadíssimo as ricas melodias que os batuqueiros daquela elevação carioca fizeram ao longo das últimas décadas.
Sendo um grande intérprete dos legendários sambistas das Escola de Samba de Cartola, Carlos Cachaça, Gradim e tantos outros ases, se dedicou a usar sua boa memória para um trabalho pra lá de nobre: registrar as pérolas - que sobreviviam apenas em algumas rodas de samba - em disco, para que um público bem maior pudesse conhecer e admirar tais obras.
Primeiro gravou num disco duplo - "Memória em Verde Rosa" - vários diferentes, todos lendários, compositores da Manga. Ano passado, lançou "Tantinho canta Padeirinho", somente com sambas do "rei dos sambas de gíria". O lançamento oficial do disco em São Paulo, deu-se somente no último sábado (dia 2), na Choperia do Sesc Pompéia, tradicional palco de espetáculos de sambistas na capital paulista.
Tantinho dedicou o disco-tributo a Jamelão e Germano Mathias, os dois principais intérpretes de Padeirinho. E o sambista paulistano esteve presente no espetáculo deste sábado, abrilhantando e engalanando a noite. No acompanhamento - a famosa cozinha - estava o "Partido Alto na Cozinha", que acompanham Germano Mathias pelos palcos nos últimos tempos.
E o espetáculo se iniciou com Tantinho cantando ótimos sambas de terreiro e sincopados, ou "malandreados", como diria depois Germano Mathias, que fez uma apresentação apoteótica, sambando no pé, fazendo seu tradicional "trombone de boca" (que por alguns momentos "duelou" com o trombone de Alan, que solava caprichosamente), contando piadas e relembrando seu grande amigo Padeirinho.
Tantinho voltaria ao palco pouco depois, mas o ponto alto se deu somente no derradeiro samba, quando Germano Mathias, o "catedrático do samba", voltou ao palco para cantar em junto com Tantinho o sincopado-malandreado Terreiro em Itacuruçá.
Um belo espetáculo.
Avaliação: **** (ótimo)
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