Fundado em 1928, o varzeano Clube Anhangüera já foi palco de diversas atividades sócio-culturais. Campeonatos de futebol, bailes e rodas de samba fazem parte da programação deste octogenário clube desde a época em que ele ainda se localizava na Rua Anhangüera, na Barra Funda. Atualmente, o espaço é um reduto samba de São Paulo já consolidado.
Neste último sábado, dia 12 de março, no entanto, este clube presenciou algo mágico, que, ouso dizer, jamais havia acontecido antes naquele local. Neste dia, e por um dia, o Anhangüera deixou de ser rubro-negro. Virou azul e branco. Cores presentes na bandeira do Brasil. E no céu também. Era a Portela.
Neste último sábado, dia 12 de março, no entanto, este clube presenciou algo mágico, que, ouso dizer, jamais havia acontecido antes naquele local. Neste dia, e por um dia, o Anhangüera deixou de ser rubro-negro. Virou azul e branco. Cores presentes na bandeira do Brasil. E no céu também. Era a Portela.
A agremiação de Oswaldo Cruz surgiu pouco antes do clube barrafundense. Era a década de 20, outros tempos. O samba e o futebol era amadores, no sentido estrito da palavra. Hoje, em 2011, este encontro rendeu um maravilhoso e inesquecível dia. Dia de graça, onde todos eram reis.
Francisco Santana, nosso homenageado. Portelenses de todo o Brasil estavam presentes para louvar, exaltar este gênio da nossa música. Foi o segundo encontro de uma série de homenagens programadas para este ano de 2011, centenário do mestre.
Glória ao Samba. O nome desta agremiação explica tudo. Foram os anfitriões da roda de samba que se formou neste sábado inesquecível. Presentes ainda, sambistas de Uberlândia, Porto Alegre, Mauá, Rio de Janeiro, Santos, Campinas e várias localidades de São Paulo. É o samba brasileiro mostrando que não existem fronteiras quando se busca louvar sambistas históricos.
A cada encontro nacional de sambistas, nota-se a força mobilizadora que este ritmo possui. A Portela não está apenas em Oswaldo Cruz, está no coração dos brasileiros. Esteve em Uberlândia. Esteve no Bom Retiro. Em cada rufar de pandeiro, tamborim. Em cada ronco de cuíca. No maravilhoso coro que se fez. Não havia dúvida: era a Portela ali.
Para começar, uma deliciosa feijoada foi servida aos presentes. Era assim que se fazia antes: com o samba, tinha que ter birita e comida, pra todos aguentarem bastante na roda de samba.
E então, uma grande roda se fez. Todos os coletivos envolvidos na homenagem estiverem presentes: Glória ao Samba, Terreiro de Mauá, Terra Brasileira, Jequitibá, Resgate e Roda de Samba de Uberlândia. Junto a eles dezenas de sambistas de vários costados, dos mais distantes rincões da Paulicéia. Uma grande celebração.
"Silêncio, é o que resta para mim...". Lágrimas rolaram. Era só o primeiro samba. Era nítida a emoção estampada no rosto de todos. Mais uma vez, Dona Neide, filha do homenageado, esteve presente. Mais uma vez, grata pelo grande respeito que estes jovens vêm dedicando à memória de seu pai. João Batista Vargens, portelense biógrafo de Candeia e da Velha Guarda, também esteve lá, bem como a Tia Surica, pastora histórica da Portela.
O que se sucedeu a partir daí foi uma sequencia de fortes emoções. Os sambas de Chico Santana são carregados de "portelismo". Foi ele o autor do Hino Portelense, do Hino da Velha Guarda... Foi ele quem lamentou a falta de vitórias no Carnaval, lembrando a época em que vencer era banalidade. Chico Santana foi o portelense que traduzia todo o sentimento daquela comunidade em seus sambas, ora exaltando, ora lamentando os infortúnios. Sempre louvando, sempre elevando o nome da Portela.
E nesta homenagem, cantou-se, pela primeira vez, um belo samba composto por Tuco e Lo Ré, dois destes bravos sambistas da nova geração. Chico Santana, o gênio de pouca popularidade, ele que foi traído e não traiu jamais, recebeu uma grande homenagem dos jovens sambistas.
Viemos de bem longe a um sambista exaltar
Reunimos diversas cidades
Pois o Samba está sempre em primeiro lugar
Francisco Santana, gênio de pouca popularidade
E no teu centenário nasce a luz
Trazendo os laços de fraternidade
De Oswaldo Cruz
Suas lindas melodias
Deixavam a querida Portela em harmonia e paz
Ele que foi traído e não traiu jamais
Nem mesmo a tristeza de uma derrota
Trazia-lhe aborrecimento
Seu Hino da Velha Guarda nos mostra
A pureza que havia naquele tempo
E hoje esta nossa homenagem é uma resposta
Traduzindo todo nosso sentimento
A próxima homenagem será em Mauá. Onde quer que esteja, Chico Santana, aguarda com carinho mais uma celebração à sua memória.
Salve a Portela. Até lá.
Um comentário:
Peço Licença para agradecer em nome do Gloria ao Samba a presença de todos os envolvidos.
Samba de Terreiro de Mauá, Terra Brasileira, Jequitibá, Projeto Resgate e Roda de Samba de Uberlândia, e a todos os que estiveram presentes e fizeram com que o dia 12/03 pudesse se tornar especial e ficar guardados na memoria de cada um esteve ali.
Com base nas palavras da Tia Surica no dia.
O Samba não morreu e Nunca morrerá, gracas a todos vocês dedicam-se a ele com amor e prazer.
O Samba venceu.
Diogo Elias.
Gloria Ao Samba
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