30 de março de 2011

Agenda Cultural - De 1º a 7 de abril

Samba no Beco
Local: Favela da Vila Prudente
Endereço : Entrada pela Anhaia Melo com a Dianópolis
Data: 2 de abril (sábado)
Horário: a partir das 19h
Valor: Grátis

Samba do Olaria
Local: Bar do Tião
Endereço: Rua Costa Barros, 1712, Vila Alpina - São Paulo/SP
Data: 2 de abril (sábado)
Horário: a partir das 17h
Valor: Grátis

Ouro Verde
Local: Ouro Verde F.C.
Endereço: Rua 9 de julho, 41, Marapé - Santos/SP
Data: 2 de abril (sábado)
Horário: 19h
Valor: Grátis

Tereza Gama
Local: SESC Consolação
Endereço: Rua Dr. Vila Nova, 245 - Consolação - São Paulo/SP
Data: 2 de abril
Horário: 15h
Valor: Grátis

Trem das Onze
Local: SESC Rio Preto
Endereço: Avenida Francisco das Chagas Oliveira, 1333 - Bairro Chácara Municipal - São José do Rio Preto - SP
Data: 3 de abril (domingo)
Horário: 17h
Valor: Grátis

Instituto Brasilidades
Local: Travessa dos Venezianos
Endereço: Rua Joaquim Nabuco, entre as ruas José do Patrocínio e João Alfredo - Porto Alegre/RS
Data: 3 de abril (domingo)
Horário: 17h
Valor: Grátis

Central do Samba
Local: Afrosul Odomodê
Endereço: Av. Ipiranga, 3850 - Porto Alegre/RS
Data: 3 de abril (domingo)
Horário: a partir das 17h
Valor: Grátis

Roberto Seresteiro
Local: Galeria Olido
Endereço: Avenida São João, 473 - Centro - São Paulo/SP
Data: 4 de abril (segunda-feira)
Horário: 17h
Valor: Grátis

Duo Foleritmia
Local: SESC Campinas
Endereço: Rua Dom José I, 270/333 - Bonfim - Campinas/SP
Data: 6 de abril (quarta-feira)
Horário: 12h30
Valor: Grátis

Paulinho da Viola
Local: SESC Santos
Endereço: Rua Conselheiro Ribas, 136 - Aparecida - Santos/SP
Data: 6 de abril (quarta-feira)
Horário: 21h30
Valor: de 7 a 30 reais

Paulinho da Viola
Local: SESC Pompéia
Endereço: Rua Clélia, 93 - Pompéia - São Paulo/SP
Data: 7 a 10 de abril (quinta a domingo)
Horário: 21h e 19h (domingo)
Valor: de 8 a 32 reais

28 de março de 2011

Terra Brasileira

Nestas linhas, irei reparar uma injustiça histórica. Sim, pois apesar da admiração que cultivo há algum tempo, ainda não havia dedicado um texto exclusivo para os sambistas do Projeto Comunitário de Resgate à Velha Guarda Terra Brasileira. Sambistas de fato, que cultuam o samba com muito respeito e adoração.

Neste sábado, fui ao Brás, na belíssima sede da agremiação. O samba ecoava em alto e bom som e já da calçada se podia ouvir o rufar dos tamborins, a grave marcação do surdo e um belíssimo "lençol de vozes", fazendo um coro de tirar o chapéu.

Muitos amigos estavam presentes. E quando entrei, logo me lembrei da primeira vez em que fui ao Terra, em 2008, atendendo um convide de meu bom amigo Ary Marcos e levado pelas mãos de uma outra grande amiga, a Julia, sambista de mão cheia. Era no Belém, e foi naquele sábado que pude sentir a beleza que é a roda do Terra Brasileira. Tamanha hospitalidade com que fui recebido por Rogerinho, Márcio, Robson, e tantos outros que ainda fazem parte da agremiação (bem como outros que hoje estão ecoando os tamborins e os pandeiros em outras rodas de samba), me fizeram voltar muitas vezes naquele terreiro.

Neste último fim de semana, fui conhecer o local onde eles estão armando o samba desde que saíram do Belém, um agradável espaço no Brás. A roda está mais redonda, e a presença de uma jovem cavaquinista, ainda saindo da infância, é algo mágico, a se relatar. Bem como a garotinha, que canta todos os sambas, com uma emoção que pode ser transmitida a todos os presentes. As duas meninas são filhas de integrantes do Terra Brasileira. Sambistas desde cedo.

Além das duas garotinhas, ótimos ritmistas, cavaquinistas e violonistas se fazem presente nesta valorosa agremiação. O côro de pastoras também não pode deixar de existir. No repertório, grandes sambas de terreiro. Como se fazia na tradição dos antigos, a parte final é dedicada ao partido alto. E aí, quem tem garrafa vazia para vender, que venda.

É a roda de samba do Terra Brasileira, cada vez mais bonita e cativante.

Quer ouvir um bom samba, num ótimo espaço e ser muito bem recebido? Vá ao Terra.

25 de março de 2011

23 de março de 2011

A Velha Guarda da Portela

Reproduzo abaixo, um texto de Francisco Bosco sobre a Velha Guarda da Portela. E mais abaixo, segue o link de uma grande entrevista realizada pelo mesmo Francisco Bosco com o Diretor Cultural da Portela, Carlos Monte.


SEGUNDO CADERNO O GLOBO Quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
FRANCISCO BOSCO

Velha Guarda da Portela

No belo e comovente documentário de Carolina Jabor e Lula Buarque de Hollanda sobre a Velha Guarda da Portela, há uma cena reveladora. Nela, Argemiro conta que, certa vez, levado por Paulinho da Viola até Vinicius de Moraes e Chico Buarque, esses o provocam: “Quer dizer que você é sambista? Então faz um samba sobre essa garrafa.” Argemiro, sem pestanejar, responde: “Eu não, não estou sentindo nada por ela.” Por meio dessa anedota pode-se começar a compreender por que o filme se chama tão apropriadamente, “O mistério do samba”. É que o mistério dos sambas da Velha Guarda da Portela, sua singularidade, está em que eles são, lá onde mais se diferem, sambas do
mistério. Vejamos.

Pode-se afirmar que a tradição principal do samba é aquela que Muniz Sodré chamou de transitiva, isto é, concreta, ao rés-da-realidade, diretamente vinculada às situações da vida cotidiana. À parte a controvérsia musical (maxixe ou samba), esse traço está inscrito desde a origem mítica do samba: “Pelo telefone”, em sua versão consagrada, começa, justamente, com versos que parecem emergir da realidade em tempo real: “O chefe da polícia/Pelo telefone/ Mandou avisar/ Que na Carioca/ Há uma roleta/ Para se jogar”.

Essa vertente, referencial, é a que prevalece desde os primórdios até a consolidação do samba como gênero, já nos anos 30, com toda a geração do Estácio, mais Noel Rosa, Wilson Baptista, Geraldo Pereira, Herivelto Martins etc. A esse traço fundamental da transitividade juntar-se-ia logo outro, igualmente decisivo: a ética da malandragem. Esse, deve-se aos bambas do Estácio, que formam o período romântico da história do samba: boêmios, de vida dissoluta, morrendo jovens, de doença, loucura ou crime. Com efeito, enquanto os primeiros sambistas, da Cidade Nova (Pixinguinha, Donga, João da Baiana), foram em geral longevos, e levavam vida, digamos, mais civilizada, os sambistas do Estácio eram quase todos malandros, em sentido rigoroso: ganhavam a vida no jogo, na cafetinagem, não eram letrados, nem musical nem verbalmente. Quase todos tinham mulheres no Mangue, e a maioria morreu cedo: Nilton Bastos, Baiaco, Rubens Barcelos, Edgar, Brancura. Ismael Silva
escapou, mas não sem ter passado alguns anos na cadeia.

Tudo esse universo é estranho aos sambas da Portela. Não é que ele não esteja presente, de modo algum, no repertório dos compositores de Oswaldo Cruz. De fato, já nos sambas de seu fundador, Paulo da Portela, e em outros de sambistas da primeira geração, como Alvarenga, encontramos letradas dedicadas à dura realidade do trabalho (“Cocorocó”) e do dinheiro (“Dinheiro não há”). Esses temas, caros à tradição transitiva da malandragem, atravessam a história da Portela. Basta evocar um de seus maiores clássicos, “Vivo isolado do mundo”, do mítico Alcides Malandro Histórico, um partido-alto sobre o tema do malandro regenerado. Mas não é neles que se revela o mistério dos sambas da Portela.  Muitos desses sambas cantam a natureza. “Linda borboleta” e “Cidade Mulher”, de Paulo da Portela; “Madrugada”, de Aniceto; “Lua cor de prata”, de Manacéa, entre outros.

Aqui começamos a nos aproximar do x do problema. Carlos Monte e João Baptista Vargens, em seu livro “A Velha Guarda da Portela”, oferecem uma hipótese explicativa para esse traço. Oswaldo Cruz, em seus primórdios e durante boa parte de seu desenvolvimento, era uma comunidade de atmosfera rural: “Morava-se na roça, mantinham-se os hábitos da vida simples do interior.” Era um mundo em que “passarinhos trinavam nos galhos. Galos cantavam nos terreiros”. Daí a ligação dos sambas com a natureza. Essa hipótese me parece
totalmente plausível. Peço licença, entretanto, para ir adiante. Se ouvirmos atentamente sambas como “O mundo é assim”, de Alvaiade, ou “Nascer e florescer”, de Manacéa, compreenderemos que o que se canta ali não é propriamente a natureza, o sentido de uma visão estática que se representa, mas a natureza enquanto origem, o que não cessa de emergir, o ser: “O dia se renova todo dia/ Eu envelheço cada dia e cada mês / O mundo passa por mim/ Todos os dias/ Enquanto eu passo pelo mundo uma só vez”. O que se revela aqui, por menos recomendável que seja esse tipo de comparação, parece se inscrever no que os antigos gregos entendiam como physis, a origem, e que é, na definição de Alberto Pucheu, “não apenas o momento volátil, que logo se apaga, em que algo se inicia, mas, sobretudo, aquilo que permanece enquanto motor do que nasce em todo o seu processo duradouro”. A natureza, assim, não é objetificada, mas percebida em seu devir permanente.

O poeta se coloca na posição do espanto. Esse gesto, filosófico, de interrogar a vida, buscando penetrar-lhe os mistérios, é verificável em muitos sambas. Em “Solidão”, de Argemiro, por exemplo, ou “Madrugada”, de Zé Keti (que não foi da Velha Guarda mas manteve laços com ela), em que o tema clássico da boêmia recebe um tratamento reflexivo. É essa mesma ligação com o mistério, com a origem, que percebemos nos sambas dedicados à inspiração, como o belíssimo “Inspiração”, de Candeia, ou “Minha inspiração”, de Argemiro, que remonta ao episódio envolvendo Chico e Vinicius.

Não há espaço aqui para tratar dos inúmeros sambas antológicos sobre o amor. Só pude dizer o essencial (cheio de lacunas). Quero dedicar esse texto a Carlos Monte. E dizer ainda que Monarco é um dos seres que mais amo nesse mundo (espero voltar a falar dele neste espaço).

14 de março de 2011

"É Batucada!" está de volta

Do rubro-negro do Clube Anhangüera fez-se o Azul e Branco da Portela

Fundado em 1928, o varzeano Clube Anhangüera já foi palco de diversas atividades sócio-culturais. Campeonatos de futebol, bailes e rodas de samba fazem parte da programação deste octogenário clube desde a época em que ele ainda se localizava na Rua Anhangüera, na Barra Funda. Atualmente, o espaço é um reduto samba de São Paulo já consolidado. 


Neste último sábado, dia 12 de março, no entanto, este clube presenciou algo mágico, que, ouso dizer, jamais havia acontecido antes naquele local. Neste dia, e por um dia, o Anhangüera deixou de ser rubro-negro. Virou azul e branco. Cores presentes na bandeira do Brasil. E no céu também. Era a Portela.

A agremiação de Oswaldo Cruz surgiu pouco antes do clube barrafundense. Era a década de 20, outros tempos. O samba e o futebol era amadores, no sentido estrito da palavra. Hoje, em 2011, este encontro rendeu um maravilhoso e inesquecível dia. Dia de graça, onde todos eram reis.

Francisco Santana, nosso homenageado. Portelenses de todo o Brasil estavam presentes para louvar, exaltar este gênio da nossa música. Foi o segundo encontro de uma série de homenagens programadas para este ano de 2011, centenário do mestre.

Glória ao Samba. O nome desta agremiação explica tudo. Foram os anfitriões da roda de samba que se formou neste sábado inesquecível. Presentes ainda, sambistas de Uberlândia, Porto Alegre, Mauá, Rio de Janeiro, Santos, Campinas e várias localidades de São Paulo. É o samba brasileiro mostrando que não existem fronteiras quando se busca louvar sambistas históricos.

A cada encontro nacional de sambistas, nota-se a força mobilizadora que este ritmo possui. A Portela não está apenas em Oswaldo Cruz, está no coração dos brasileiros. Esteve em Uberlândia. Esteve no Bom Retiro. Em cada rufar de pandeiro, tamborim. Em cada ronco de cuíca. No maravilhoso coro que se fez. Não havia dúvida: era a Portela ali.

Para começar, uma deliciosa feijoada foi servida aos presentes. Era assim que se fazia antes: com o samba, tinha que ter birita e comida, pra todos aguentarem bastante na roda de samba.

E então, uma grande roda se fez. Todos os coletivos envolvidos na homenagem estiverem presentes: Glória ao Samba, Terreiro de Mauá, Terra Brasileira, Jequitibá, Resgate e Roda de Samba de Uberlândia. Junto a eles dezenas de sambistas de vários costados, dos mais distantes rincões da Paulicéia. Uma grande celebração.

"Silêncio, é o que resta para mim...". Lágrimas rolaram. Era só o primeiro samba. Era nítida a emoção estampada no rosto de todos. Mais uma vez, Dona Neide, filha do homenageado, esteve presente. Mais uma vez, grata pelo grande respeito que estes jovens vêm dedicando à memória de seu pai. João Batista Vargens, portelense biógrafo de Candeia e da Velha Guarda, também esteve lá, bem como a Tia Surica, pastora histórica da Portela.

O que se sucedeu a partir daí foi uma sequencia de fortes emoções. Os sambas de Chico Santana são carregados de "portelismo". Foi ele o autor do Hino Portelense, do Hino da Velha Guarda... Foi ele quem lamentou a falta de vitórias no Carnaval, lembrando a época em que vencer era banalidade. Chico Santana foi o portelense que traduzia todo o sentimento daquela comunidade em seus sambas, ora exaltando, ora lamentando os infortúnios. Sempre louvando, sempre elevando o nome da Portela.

E nesta homenagem, cantou-se, pela primeira vez, um belo samba composto por Tuco e Lo Ré, dois destes bravos sambistas da nova geração. Chico Santana, o gênio de pouca popularidade, ele que foi traído e não traiu jamais, recebeu uma grande homenagem dos jovens sambistas.

Viemos de bem longe a um sambista exaltar
Reunimos diversas cidades
Pois o Samba está sempre em primeiro lugar
Francisco Santana, gênio de pouca popularidade
E no teu centenário nasce a luz
Trazendo os laços de fraternidade
De Oswaldo Cruz

Suas lindas melodias
Deixavam a querida Portela em harmonia e paz
Ele que foi traído e não traiu jamais
Nem mesmo a tristeza de uma derrota
Trazia-lhe aborrecimento
Seu Hino da Velha Guarda nos mostra
A pureza que havia naquele tempo
E hoje esta nossa homenagem é uma resposta
Traduzindo todo nosso sentimento

A próxima homenagem será em Mauá. Onde quer que esteja, Chico Santana, aguarda com carinho mais uma celebração à sua memória.



Salve a Portela. Até lá.

10 de março de 2011

Chico Santana 100. 2ª etapa: Glória ao Samba

Neste sábado, às duas da tarde, no clube de várzea, na faixa. Com amor e respeito. Com devoção. Será a segunda etapa da série de tributos que sambistas de todo o Brasil prestam neste ano de 2011 ao sambista portelense Francisco Santana, que completaria cem anos em setembro.

Depois de fazer Uberlândia respirar os ares da Portela antiga, agora é a vez do Clube Anhangüera, tradicional reduto de samba da capital paulista, ser palco da homenagem. A roda de samba anfitriã será a do Glória ao Samba e sambistas de vários costados (inclusive Porto Alegre e Uberlândia) farão presença nesta grande festa.

Salve a Portela e viva Chico Santana!

Glória ao Samba e sambistas / Tributo a Chico Santana100 anos
Local: Clube Anhangüera
Endereço: Rua dos Italianos, 1261 – Bom Retiro – São Paulo - SP
Data: 12 de março
Horário: 14h
Grátis

Carnaval em Barão Geraldo. Bloco União Altaneira

Era sexta-feira de Carnaval. Alfredo Castro, sambista e compositor, chegou em casa e disse: "Piruca, todo ano componho um samba para o Bloco União Altaneira, de Campinas. O desfile é depois de amanhã e o samba ainda não saiu. Tem os dom de colocar uma letra nessa melodia?". Era uma melodia bonita, gostei. "Tem tema?", perguntei. "Exaltação a natureza", respondeu.

Mandei ver.

A natureza vou cantar no carnaval
O céu, o mar, o luar
Tanta riqueza assim
Esta beleza é o que me faz te exaltar
Faz brotar, com o samba, uma semente
Um folião feliz
Sonho da manhã primaveril
No carnaval
Os encantos do Brasil

Beleza! Foi só colocar um lalaiá no fim e fechou o samba. 

Chegou o domingo e fomos pra Campinas, Barão Geraldo. O Bloco é organizado, tem uma bateria enfezada e um mestre de bateria, o Chico, que comanda a folia com altivez.

Passamos o samba com os cavaquinhos e violões, acertamos o andamento. Aí era só emplacar na Avenida Santa Isabel. Antes, outros sambas do bloco foram cantados. O samba-exaltação, muito bonito, alguns sambas de outros carnavais e o "samba-enredo" do ano.

Depois de muita farra, cantamos o nosso samba. Bom demais ver o povo cantando o samba. Ainda mais um samba composto na antevéspera, fresquinho. A bateria caprichou. Muita classe, muita categoria, um grande carnaval.

Ano que vem estarei novamente lá. Salve União Altaneira!

6 de março de 2011

É Carnaval!

É Carnaval. Procure a folia mais perto de você. Caia no samba, entre no bloco. Extravase a alegria contida, cante, pule, vibre. 

Esqueça os conceitos que o carnaval atual impôs. Vá para o Carnaval com o espírito de folião. Esqueça os abadás, as cordas que separam, os patrocinadores, as celebridades. Apenas brinque.

Vista a fantasia, cante aquele refrão. É o reinado momesco, nada mais importa. Vá para a rua e viva o Carnaval!

3 de março de 2011

Bafafa do Caruru hoje!

Esse é meu Bloco!

E foi tudo aquilo que desejávamos. Foi bom demais. Cheguei às 4 e meia da tarde em Mauá, no tradicional ponto de encontro de sambistas Bar do Buiú. Já estava cheio de gente, quase todos com o lenço preto no pescoço. Leo e Danilão estavam agitados: faltava lenço. E sem o lenço o Bloco não poderia sair.

Fruto da criatividade espontânea e explícita dos sambistas, enquanto Leo foi buscar mais lenços, os sambistas improvisaram uma roda de partido alto. O tema era só um, a ausência do lenço. Dos quatro sambas criados na hora, ainda me recordo de um:

Quem extraviou o lenço
Do Bloco Pega o Lenço e Vai
Triste estou neste momento
Enquanto o lenço não chega
O nosso Bloco não sai

E tome verso, disseram até que o Léo foi buscar lenços na Marinha Brasileira ou com o marinheiro Popeye. À medida que o partido alto avançava, mais gente chegava para cantar o refrão e versar. "Enquanto o Léo não voltar, o samba não para!", era a ordem.

E quando chegou mais lenço, todos colocaram no pescoço. Organizado o desfile, descemos a ladeira. "Salve o Almirante Negro. Pobre Bem-te-vi, o seu cantar tristonho ouvi. Vai ingrata, vai embora, e não queira mais voltar. Vertento lágrimas, hoje volta para implorar seu perdão. Esquenta os tamborins, que o samba já está chegando." Cinco sambas novos, da nova geração, que pesaram na balança. 

A satisfação foi geral. Por um dia, a Rua Havana virou a Praça Onze.

Meu bloco é esse: Pega o Lenço e Vai. Ano que vem tem mais!
Creative Commons License
O Couro do Cabrito by André Carvalho is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas 3.0 Brasil License.
Permissions beyond the scope of this license may be available at www.creativecommons.org.br.